
A sucessão no Tribunal de Contas da União (TCU), prevista para 2026 com a aposentadoria do ministro Aroldo Cedraz, já movimenta o Congresso. PSD e União Brasil articulam candidaturas próprias para a vaga, abrindo um racha que ameaça o acordo firmado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com o PT.
O compromisso, selado ainda em 2024 entre Motta e o então presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), previa apoio à indicação de um nome petista para o TCU em troca do respaldo do partido de Lula à candidatura de Motta na sucessão da presidência da Câmara. O escolhido seria o ex-líder petista Odair Cunha (MG), aliado de Motta e presença constante em eventos do parlamentar.
Nos bastidores, no entanto, a resistência à presença do PT no tribunal cresce. Deputados lembram que a votação é secreta e em turno único, o que reduz a margem de controle político. Além disso, o partido já ocupa amplos espaços na máquina federal, o que gera incômodo em parte da Câmara.
Novos nomes em campo
Entre os cotados fora do acordo estão Danilo Forte (União Brasil-CE), que tem buscado apoio em encontros políticos em Brasília, e Elmar Nascimento (União-BA). No PSD, Hugo Leal (RJ) aparece como pré-candidato, com a expectativa de ter aval formal da sigla. Na oposição, há ainda especulações sobre a entrada de Hélio Lopes (PL-RJ), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os argumentos variam conforme a estratégia. Aliados de Forte e Leal destacam a idade mais avançada dos candidatos (67 e 63 anos), o que significaria um período menor no cargo vitalício, abrindo espaço para novas indicações no futuro. Já defensores do nome petista apontam justamente o oposto: a juventude de Odair, de 49 anos, garantiria maior longevidade e influência no tribunal.
Disputa aberta
A eleição no plenário da Câmara definirá o sucessor de Cedraz, mas o nome precisa ser aprovado também pelo Senado. O cargo é vitalício até a aposentadoria compulsória aos 75 anos e garante salário de R\$ 41,8 mil mensais, além de poder decisório sobre contratos e licitações federais.
Nos próximos meses, a movimentação tende a se intensificar. Se o acordo de Motta com o PT será cumprido ou minado dependerá não apenas da articulação política, mas também do impacto do calendário eleitoral de 2026, quando alianças e disputas nacionais podem alterar o equilíbrio dentro da Câmara.