
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, gerou polêmica com suas declarações sobre a dependência do Nordeste em relação ao programa Bolsa Família, acusando a região de viver à custa do benefício social. Contudo, ao olhar para o próprio Estado de Minas, os dados mostram um panorama igualmente preocupante. Em muitas regiões de Minas, a dependência do Bolsa Família supera a presença de empregos formais, destacando uma disparidade no acesso a oportunidades de trabalho e reforçando a necessidade de políticas públicas eficazes.
Segundo o colunista Pedro Fernando Nery, do Estadão, em seu comentário no programa Chama o Nery, há uma correlação entre regiões com menos empresas e a maior dependência de programas de assistência social como o Bolsa Família. Em muitas dessas áreas, a falta de empresas que ofereçam empregos formais aumenta a demanda por esse tipo de benefício, visto que a população não encontra outras formas de sustento.
Nery ainda afirma que, embora Minas Gerais, como um todo, tenha mais empregos formais do que pessoas recebendo o benefício, aproximadamente 40% dos municípios mineiros enfrentam um quadro em que o número de beneficiários do Bolsa Família supera o número de empregos com carteira assinada. Esse dado revela a discrepância nas oportunidades de trabalho em várias regiões do estado, especialmente nas mais carentes, onde a informalidade e a falta de infraestrutura ainda são desafios persistentes.
Essas observações revelam um dilema que vai além das fronteiras políticas: a relação entre a pobreza, o emprego formal e o acesso a benefícios sociais. A crítica de Zema ao Nordeste, sem refletir sobre a realidade de Minas, ressalta as desigualdades regionais e o desafio do desenvolvimento econômico inclusivo no Brasil.