Informais superam formais em aumento de renda, aponta Ipea

Estudo mostra que rendimento médio dos informais atingiu o maior nível desde 2012, impulsionado por novas formas de trabalho e adesão ao MEI

Informais superam formais em aumento de renda, aponta Ipea
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CLT

A renda dos trabalhadores informais no Brasil cresceu em ritmo muito mais acelerado do que a dos formais em 2025. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado pelo O Globo, os informais tiveram alta média de 6,8% no rendimento no segundo trimestre deste ano, enquanto os celetistas registraram apenas 2,3%. Já os autônomos, em geral, tiveram aumento de 5,6%.

Com isso, o ganho médio dos trabalhadores sem carteira chegou a R$ 2.213, o maior patamar desde 2012, quando começou a série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Já os celetistas tiveram média de R$ 3.171, e os autônomos, R$ 2.955. Apesar de os formais ainda receberem mais, a diferença entre eles e os autônomos caiu para 7,3%, bem abaixo dos 25% registrados em 2021.

Para o pesquisador do Ipea Sandro Sacchet de Carvalho, fatores como a expansão do trabalho em plataformas digitais (Uber, iFood e similares) e o avanço do regime do Microempreendedor Individual (MEI) têm contribuído para essa valorização do setor informal. O MEI, com contribuição previdenciária reduzida, atraiu parte dos trabalhadores formais que migraram para a modalidade em busca de mais autonomia e maior renda líquida.

A pesquisa também mostrou que os maiores aumentos ocorreram entre jovens de 25 a 39 anos, enquanto trabalhadores acima de 60 anos e com ensino superior registraram ganhos menores. O excesso de profissionais graduados em áreas que não absorvem tanta mão de obra contribui para a migração de muitos para ocupações informais.

Apesar do crescimento da renda, especialistas alertam para os riscos fiscais e previdenciários. O ex-secretário de Previdência Leonardo Rolim destacou que a contribuição de apenas 5% do salário mínimo para o MEI é insuficiente para sustentar os benefícios futuros, e que a ausência de regulamentação do trabalho por aplicativos pode deixar milhões de pessoas desassistidas no futuro.

Em 2024, a renúncia fiscal com o MEI foi de R$ 6,4 bilhões, um aumento de 24,4% em relação ao ano anterior. Para Rolim, será necessário rever regras e criar uma regulamentação para prestadores de serviços digitais, com participação tanto dos trabalhadores quanto das plataformas, para equilibrar o sistema e garantir proteção previdenciária no longo prazo.