
Em uma análise contundente sobre a atual situação do cenário político nacional, Duda Lima, marqueteiro responsável pela campanha de reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022, afirmou que a direita brasileira “errou demais” e se encontra “perdida”. A crítica principal é direcionada ao foco da oposição em assuntos paralelos, em vez de se concentrar em fiscalizar e apontar as ineficiências do atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva. As declarações de Lima foram dadas durante entrevista ao e-book “Quem será o próximo presidente?”, lançado recentemente pelo jornal O GLOBO, a quem se deve o crédito da matéria original.
O estrategista acredita que a derrota de Bolsonaro no pleito de 2022 foi decidida por fatores circunstanciais, como o episódio envolvendo o ex-deputado Roberto Jefferson, que atacou agentes da Polícia Federal com granadas e tiros pouco antes do segundo turno. Agora, Duda Lima enxerga uma repetição de erros.
Um dos pontos mais críticos levantados é a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro no exterior, especialmente em relação às sanções anunciadas pelo ex-presidente americano Donald Trump. O marqueteiro avalia que essa mobilização tem o efeito de uma “nova granada no pé da oposição”, dissipando o foco dos eleitores. “A direita errou demais. ‘Ah, se não tiver mais anistia, vai ter tarifaço’. Eu não concordo com isso… Fica uma confusão generalizada. A direita acabou se perdendo em um momento em que o governo é que estava perdido”, afirma Lima.
Segundo ele, o planejamento estratégico deveria envolver a oposição focando em temas como os desvios no INSS e o prejuízo causado pelas fraudes aos aposentados, além da ineficiência do governo no combate à inflação – uma tática que foi bem-sucedida no primeiro semestre.
Entretanto, o marqueteiro observa que o foco mudou drasticamente: “Não se fala mais dos problemas do governo. Quanto mais temas como o julgamento do Bolsonaro ou anistia se estenderem, pior para a oposição.” Lima conclui que a insistência em assuntos que já têm a opinião pública definida (como a condenação ou absolvição de Bolsonaro) afasta a “coluna do meio”, ou seja, os eleitores indecisos que deveriam ser impactados pelos erros e acertos do governo petista. A consequência, segundo ele, é que o debate futuro não será mais sobre a qualidade do terceiro mandato de Lula. O e-book que contém a íntegra da entrevista reúne 12 conversas com alguns dos mais influentes estrategistas políticos do país.