Governo e oposição travam disputa antecipada por maioria no Senado

Com 54 vagas em jogo em 2026, Lula e Bolsonaro articulam candidaturas estratégicas para ampliar influência sobre o Congresso e o Supremo.

Governo e oposição travam disputa antecipada por maioria no Senado
Ton Molina/FotoArena/Estadão Conteúdo; Reuters/Adriano Machado

A pouco menos de um ano das eleições gerais, o Senado Federal se tornou o novo centro de articulação política entre governo e oposição. Em 2026, 54 das 81 cadeiras da Casa estarão em disputa — o equivalente a dois terços do plenário — e tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) trabalham para formar bancadas mais fortes e ideologicamente alinhadas.

A composição do Senado é considerada estratégica, pois cabe à Casa Alta aprovar indicações para o Supremo Tribunal Federal (STF), analisar processos de impeachment e deliberar sobre emendas constitucionais, temas centrais para o equilíbrio de poder entre os dois polos políticos.

Segundo informações do Metrópoles, o clima entre os governistas é de incerteza. No Rio de Janeiro, o PT ainda não definiu consenso: o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) defende a candidatura da colega Benedita da Silva (PT-RJ), enquanto o vice-presidente do partido, Washington Quaquá, apoia o cantor Neguinho da Beija-Flor ou o ex-deputado Alessandro Molon (PSB).

Em Minas Gerais, Lula aposta que o senador Rodrigo Pacheco (PSD) deixará a disputa pela reeleição para tentar o governo estadual, abrindo espaço para o PT apoiar a prefeita de Contagem, Marília Campos. Já em São Paulo, as indefinições dominam o campo da esquerda: nomes como Fernando Haddad (PT), Guilherme Boulos (PSOL) e José Eduardo Cardozo (PT) ainda avaliam riscos e cenários.

Outros nomes ventilados são o da ministra Gleisi Hoffmann (PT), cotada no Paraná, e o do ministro Paulo Pimenta (PT), no Rio Grande do Sul — onde Lula chegou a avaliar o apoio a Eduardo Leite (PSD), mas a aliança é vista como improvável.

Do outro lado, a oposição se mobiliza para transformar a eleição de 2026 em um plebiscito político sobre o governo. Inelegível até 2030, Jair Bolsonaro articula candidaturas “personalíssimas” e busca consolidar uma bancada majoritária no Senado.

Em evento do PL Mulher, comandado por Michelle Bolsonaro, o ex-presidente afirmou que, com maioria na Casa, sua base “mandará mais que o próprio presidente da República”.

Entre os nomes do grupo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) deve disputar a reeleição, enquanto o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) avalia concorrer por Santa Catarina. Michelle Bolsonaro é cotada para o Distrito Federal, em uma possível aliança com o governador Ibaneis Rocha (MDB).

Outros aliados citados incluem os deputados Gustavo Gayer (PL-GO), Filipe Barros (PL-PR) e Sanderson (PL-RS), além de nomes de fora do PL, como Marcel van Hattem (Novo-RS), Guilherme Derrite (PP-SP) e até o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Com tanto em jogo — incluindo o poder de influenciar indicações ao STF e o futuro das relações entre Executivo e Congresso —, a eleição de 2026 promete ser uma das mais disputadas da história recente.

As informações são do Metrópoles.