PT reaproxima-se das Big Techs e aposta no Kwai para reconquistar eleitorado popular

Novo secretário de Comunicação da sigla fala em “ocupar o ambiente digital” e anuncia oficinas com plataformas como TikTok, YouTube e Instagram.

PT reaproxima-se das Big Techs e aposta no Kwai para reconquistar eleitorado popular

O Partido dos Trabalhadores (PT) iniciou um movimento de reaproximação com as grandes plataformas digitais as chamadas Big Techs como parte de uma estratégia para recuperar espaço nas redes sociais e reduzir resistências à regulação proposta pelo governo Lula. A informação foi detalhada em entrevista ao Metrópoles pelo novo secretário de Comunicação do partido, Éden Valadares.

Segundo o dirigente, a nova orientação busca restaurar o diálogo institucional entre o PT e as empresas de tecnologia, interrompido nos últimos anos. “Retomamos as conversas desde 28 de agosto com cada plataforma, separadamente. Primeiro, para reconstruir o diálogo institucional. Segundo, para apresentar nossa proposta de regulação e desmistificar a ideia de que há uma posição única contra o tema”, explicou.

O secretário também revelou que o partido prepara uma série de oficinas de comunicação digital com representantes do TikTok, Instagram, YouTube e Kwai, voltadas para qualificar a militância petista no ambiente virtual. “Queremos que nossa militância participe mais, produza conteúdo e seja agente ativa na disputa política. O que é crime fora da internet deve ser crime também dentro dela”, afirmou Éden.

Um dos pontos centrais da nova estratégia é a atenção especial ao Kwai, aplicativo chinês concorrente do TikTok, que hoje reúne cerca de 60 milhões de usuários no Brasil. Para o PT, a rede se tornou um território decisivo de engajamento popular, especialmente entre as classes C, D e E, público historicamente próximo à base petista.

“Boa parte do eleitorado do PT está no Kwai, mais do que em outras plataformas. Lá o militante chegou antes do partido. O Kwai é a mais brasileira das redes, com estratégias regionais de engajamento”, avaliou Éden Valadares.

A aposta no Kwai reflete o diagnóstico interno de que o partido perdeu terreno digital nos últimos anos, enquanto adversários de direita avançaram com força em plataformas de vídeo curto. O movimento, segundo Éden, busca reverter esse cenário e reocupar espaços onde o debate político popular tem acontecido com mais intensidade.

Além da aproximação com as redes, o PT também prepara o lançamento de um novo aplicativo próprio, previsto para fevereiro de 2026. A ferramenta será voltada não apenas a filiados, mas também a simpatizantes e militantes digitais, com recursos de consulta interna, mobilização e engajamento.

“Queremos criar uma espécie de gameficação, sem envolver dinheiro, mas que estimule o engajamento e a produção de conteúdo. Cada petista poderá ser um produtor ativo nas redes”, detalhou o secretário.

A nova ofensiva digital do PT ocorre em meio à tentativa do governo Lula de aprovar um marco regulatório das plataformas, tema que enfrenta resistência entre empresas de tecnologia e parte da oposição.

As informações são do Metrópoles.