
O presidente do Progressistas (PP), senador Ciro Nogueira (PI), afirmou que a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos trouxe “um prejuízo gigantesco” ao campo político da direita brasileira. A declaração foi feita durante entrevista ao programa Canal Livre, da TV Band, e reflete a crescente preocupação de lideranças partidárias com o impacto da ausência do parlamentar no debate nacional.
Segundo Ciro, Eduardo — que atualmente vive no exterior — teria contribuído para desgastar o grupo ao focar ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e não ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Eu não sei o que eu faria se meu pai fosse injustiçado, mas foi um prejuízo gigantesco para nosso projeto político. Nós tínhamos uma eleição completamente resolvida”, afirmou.
O senador avalia que, diante da rejeição popular à política econômica do governo e das recentes controvérsias envolvendo o “tarifaço” norte-americano, não há viabilidade, no momento, para que qualquer membro da família Bolsonaro lidere uma chapa presidencial em 2026.
Ciro também revelou ter pedido ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que anuncie ainda neste ano qual candidato pretende apoiar na disputa ao Palácio do Planalto. “Ele me garantiu que vai fazer a escolha no momento certo. Defendi que fosse até o fim do ano”, disse o parlamentar.
Mesmo sem citar nomes, o presidente do PP avaliou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é um nome com peso político, mas que deve manter “lealdade, e não subordinação” ao ex-presidente. “Ele jamais pode trair Bolsonaro, mas também não será subordinado a ele. Tarcísio será leal, mas independente”, declarou.
Ciro Nogueira afirmou ainda que o atual favoritismo de Lula decorre do fato de o petista já estar em campo e ter sinalizado que buscará a reeleição. “Só há um time jogando. Quando o outro entrar, com jogadores melhores, a gente vira esse jogo e ganha a eleição”, disse.
Questionado sobre o estado de saúde do ex-presidente, que cumpre prisão domiciliar, o senador disse não haver “condições físicas nem humanitárias” para Bolsonaro ser levado a um presídio. “Ele está debilitado, e se o colocarem em uma prisão, estarão o condenando à morte. A facada o deixou com sequelas sérias”, afirmou.
As declarações de Ciro reforçam o clima de indefinição dentro da direita sobre quem deve liderar o campo oposicionista nas eleições de 2026 — cenário em que o próprio PP tenta se posicionar como força de articulação entre partidos conservadores.