Hugo Motta quer “nova fase” entre Lula e Câmara e rebate críticas ao Congresso

Presidente da Câmara diz que vai se reunir com Lula para fortalecer o diálogo político e discorda da fala sobre “baixo nível” do Parlamento

Hugo Motta quer “nova fase” entre Lula e Câmara e rebate críticas ao Congresso
Brenno Carvalho / Agência O Globo

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que pretende se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias para discutir uma “atualização” na relação entre o Executivo e o Legislativo. Segundo o parlamentar, é preciso reorganizar a base aliada e melhorar a interlocução com os partidos que sustentam o governo no Congresso.

Motta também reagiu à declaração recente de Lula, que classificou o Congresso como o de “mais baixo nível” da história. “Se o presidente tiver se referido ao Congresso, o que não acredito, discordo plenamente. Esse foi o Congresso que aprovou quase tudo o que o governo mandou, principalmente na pauta econômica”, disse o deputado em entrevista à GloboNews.

Sobre as vaias que recebeu durante evento no Rio de Janeiro, o parlamentar minimizou: “Encaro com tranquilidade, porque tenho a certeza de que tenho procurado manter o barco navegando em meio à tempestade”.

Motta também comentou as exonerações de indicados do Centrão em estatais e órgãos federais após a recente derrota do governo na votação da Medida Provisória 1303. Segundo ele, as demissões fazem parte de um movimento de “repactuação política”, mas defendeu que a recomposição da base inclua deputados “com real capacidade de ajudar o governo”.

O presidente da Câmara aproveitou ainda para cobrar o destravamento das emendas parlamentares, afirmando que prefeitos do interior da Paraíba “não param de ligar” devido ao atraso na liberação dos recursos.

Questionado sobre a situação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde o início do ano, Motta afirmou que o exercício do mandato é “incompatível com a ausência do país”. “O mandato tem que ser exercido de forma presencial. A situação dele será tratada de forma regimental”, disse.

Em relação ao 8 de janeiro, Motta reconheceu que houve “um ataque às instituições”, mas ponderou que “nem todos os envolvidos tinham plena consciência do que faziam”. Para ele, é necessário diferenciar os que “tramaram e financiaram” do restante.

Sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado poupou críticas diretas: “Não tem como dar um golpe de Estado estando fora do país”, disse.

Questionado sobre as eleições de 2026, Motta preferiu não antecipar posicionamento entre Lula e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). “Como presidente da Câmara, não é salutar que eu me posicione agora.”