
O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, convidou o ex-presidente Michel Temer (MDB) a se filiar à legenda e disputar a Presidência da República em 2026.
Segundo Perillo, Temer recebeu o convite com simpatia, agradeceu o gesto e disse que “pensaria na possibilidade”. Para o dirigente tucano, o ex-presidente tem o perfil que o país precisa no atual momento.
“É um homem experiente, que demonstroucapacidade gerencial e administrativa. É um diplomata. O Brasil precisa quebrar essa radicalização. Seria uma pessoa para trazer temperança”, afirmou.
O convite, revelado pelo Metrópoles, ocorre na mesma semana em que o PSDB anunciou a filiação de Ciro Gomes no Ceará — um movimento que tenta dar novo fôlego à legenda, abalada pela perda de influência e pela saída de seus três governadores: Eduardo Leite (RS) e Raquel Lyra (PE) para o PSD, e Eduardo Riedel (MS) para o PP.
A tendência é que Ciro dispute o governo do Ceará em 2026, marcando uma tentativa de reestruturação regional.
Perillo contou ainda que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que deve assumir o comando do partido no próximo mês, já havia feito o mesmo convite a Temer anteriormente. A aproximação foi reforçada agora.
Procurado, o ex-presidente não se manifestou. No entanto, aliados próximos avaliam que a hipótese de mudança é remota. Emedebistas descrevem o movimento como “ilógico”, lembrando que Temer tem uma trajetória histórica no MDB — partido pelo qual foi deputado, presidente da Câmara, presidente nacional e, depois, da República.
Questionado sobre possíveis alianças em torno de uma eventual candidatura de Temer, Perillo evitou especular:
“Essa seria uma conversa para um segundo momento”, limitou-se a dizer.
O dirigente tucano ressaltou que o PSDB sempre esteve na oposição ao petismo e que é importante para a legenda ter um candidato à Presidência, retomando uma tradição interrompida após 2018, quando Geraldo Alckmin — hoje no PSB — foi o último nome tucano a disputar o Planalto.
Apesar do movimento, a ideia enfrenta obstáculos. Lançar uma candidatura presidencial exigiria um alto investimento do fundo eleitoral, o que pode comprometer a estratégia principal do PSDB: ampliar a bancada na Câmara. O partido, que hoje conta com 15 deputados, pretende dobrar o número de cadeiras até 2026.
📘 Contexto: Temer e o xadrez político de 2026
O ex-presidente Michel Temer voltou a ganhar espaço nas articulações políticas nos últimos meses. Ele chegou a liderar um movimento que buscava unir governadores de direita e centro-direita em torno de uma candidatura única para 2026 — sem excluir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na ocasião, Temer elogiou a força eleitoral de Bolsonaro e citou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como exemplo de liderança que manteve proximidade sem ruptura.
“Ele é bolsonarista, não é desleal, mas firmou uma identidade própria. Ter a oposição do Bolsonaro não dá”, disse Temer em maio.
Mais recentemente, o ex-presidente sediou em sua casa um encontro com o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e Aécio Neves, para discutir mudanças no projeto de lei que trata da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. O movimento contou com o apoio do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e teve interlocução direta com ministros do STF.
🕊️ Análise – Brasil no Centro
O convite a Michel Temer é mais do que um gesto político: é um sinal da busca do PSDB por identidade e relevância em um cenário cada vez mais polarizado. Sem o protagonismo que marcou as décadas de 1990 e 2000, o partido tenta se recolocar como voz da moderação e do diálogo — valores que, no passado, sustentaram seu papel de equilíbrio no tabuleiro nacional.