
Aliados do ministro do STF Flávio Dino afirmam que o vazamento de áudios envolvendo políticos próximos ao ex-governador se trata de uma retaliação política do grupo do atual governador do Maranhão, Carlos Brandão (sem partido). Os áudios, que circulam desde a última semana, mostram supostas conversas sobre acordos políticos em troca de medidas judiciais, mas aliados de Dino negam qualquer envolvimento do ministro.
A crise política se intensificou após uma operação da Polícia Federal que prendeu deputados estaduais e assessores ligados ao governo, suspeitos de desviar mais de R$ 2 milhões em emendas da Secretaria de Cultura para eventos que nunca ocorreram. Segundo a PF, parte do dinheiro foi sacada em espécie e distribuída entre os envolvidos, incluindo parlamentares.
A divulgação dos áudios foi feita pelo deputado bolsonarista Moyses durante sessão na Assembleia Legislativa do Maranhão, quatro dias após a ação da PF. Trechos mostram deputados federais aliados de Dino, um secretário do Ministério dos Esportes e um desembargador federal supostamente discutindo termos para selar acordos políticos com a ala de Brandão, incluindo apoio a candidatos em eleições municipais. Dino nega veementemente qualquer envolvimento e classifica as alegações como “absurdas”.
Fontes próximas ao governador lembram que os áudios já circulavam nos bastidores semanas antes da operação e que aliados de Dino chegaram a solicitar à Câmara dos Deputados investigação sobre supostos grampos no estado. A situação gerou a demissão de dois secretários de Brandão e enredou outros parlamentares e autoridades no escândalo.
O governo Brandão, por sua vez, afirma que os fatos investigados pela PF não têm relação com a gestão estadual, e que apenas cumpriu a obrigação de repassar emendas impositivas para as instituições culturais indicadas pelos deputados.
A disputa expõe um cenário de tensão política intensa no Maranhão, entre acusações de retaliação e manobras estratégicas que envolvem aliados de dois dos principais líderes do estado.