
O presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol-MG), Wemerson Oliveira, acusou o governo Romeu Zema (Novo) de maquiar dados da segurança pública no estado e manipular registros oficiais para apresentar uma falsa redução da criminalidade. Em entrevista ao programa Café com Política, do jornal O Tempo, o sindicalista afirmou que as estatísticas divulgadas pelo governo “não correspondem à realidade das ruas”.
Segundo Oliveira, enquanto o índice nacional de homicídios caiu, em Minas houve aumento dos casos — o que contradiz o discurso oficial de que o estado é “um dos mais seguros do país”. Ele denunciou que o sistema REDS, responsável por registrar boletins de ocorrência, estaria sendo usado de forma irregular. “Há casos em que tiroteios são registrados como lesão corporal e mortes a caminho do hospital como tentativa de homicídio. Isso distorce completamente os números”, afirmou.
O presidente do sindicato disse que denúncias sobre o problema já foram encaminhadas à Secretaria de Justiça e à própria Polícia Civil, mas que a prática continua. “O índice que o governador divulga é o que está escrito, não o que acontece nas ruas. Se as pessoas não se sentem seguras, é porque Minas não é um dos estados mais seguros”, criticou.
Entre os fatores que explicam o descompasso entre os dados e a realidade, Oliveira citou o sucateamento da Polícia Civil, a defasagem salarial e a falta de estrutura. Segundo ele, há casos de viaturas sendo devolvidas por falta de combustível e manutenção custeada pelos próprios policiais.
O dirigente também defendeu mandato fixo e autonomia para o chefe da Polícia Civil, argumentando que o atual modelo de nomeação política enfraquece a instituição. “Se o chefe de polícia questionar o governo, ele é retirado do cargo. Precisamos de estabilidade mínima para garantir independência”, afirmou.
Oliveira alertou ainda para o avanço de facções criminosas como PCC e Comando Vermelho em Minas Gerais e criticou o que chamou de falta de coragem do governo estadual para enfrentar o crime organizado. “É preciso investir na polícia investigativa. O governador não tem tido coragem para isso”, declarou.