
O Partido dos Trabalhadores (PT) entrou com uma ação judicial contra cinco parlamentares bolsonaristas acusados de difamação após publicações nas redes sociais que associavam a legenda ao crime organizado. O episódio, que ocorre em meio à crise política provocada pela operação policial mais letal da história do país, reacende o embate entre governo e oposição no campo simbólico da segurança pública hoje um dos temas mais sensíveis do debate nacional.
Foram acionados os deputados Bia Kicis (PL-DF), Carlos Jordy (PL-RJ), Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O partido pede uma indenização de R$ 30 mil por danos morais a cada parlamentar, além de R$ 10 mil de cinco perfis de direita que também reproduziram o termo “Partido dos Traficantes” em publicações online.
As postagens foram feitas após a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que deixou mais de 120 mortos. Segundo o PT, os políticos usaram o episódio para “manipular a opinião pública e difundir mentiras com o objetivo de associar o partido à defesa de criminosos”.
Na ação, a sigla afirma que as publicações representam “uso desonesto e abusivo da imunidade parlamentar e da liberdade de expressão”, e argumenta que o Judiciário deve coibir o discurso de ódio e a desinformação. “Espera-se a intervenção da Justiça para afastar do debate público o discurso vazio e ofensivo, que apenas serve para macular a honra alheia e incitar o ódio político”, diz o texto apresentado pelo partido.
Procurados pela imprensa, os parlamentares reagiram com ironia e provocação. O deputado Carlos Jordy afirmou que o PT “está desesperado com a repercussão negativa de sua ligação com o tráfico”, e Gustavo Gayer respondeu à reportagem enviando uma receita de bolo.
O PT nega qualquer tentativa de censura, alegando que busca apenas responsabilizar quem ultrapassa o limite da crítica política. Para a legenda, o caso reflete um “mecanismo coordenado de desinformação” usado por setores da oposição para desgastar o partido e o governo federal.
A ofensiva judicial marca um novo capítulo na escalada de tensão entre petistas e bolsonaristas, em um momento em que a segurança pública volta ao centro do debate político e o uso das redes sociais se consolida como arena decisiva na disputa pela narrativa nacional.