
O Brasil voltou a registrar um déficit nominal trilionário nas contas públicas. Segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira (31), o resultado nominal acumulado em 12 meses — que considera as despesas com juros da dívida — somou R$ 1,018 trilhão até setembro, o equivalente a 8,16% do PIB. É o pior desempenho desde o início de 2021.
O principal fator por trás desse rombo é o aumento expressivo do gasto com juros da dívida, que atingiu R$ 984,8 bilhões em 12 meses, o maior valor da série histórica. Em apenas um ano, o custo do endividamento público cresceu R$ 165 bilhões, impulsionado pela elevação da taxa Selic para 15% ao ano, determinada pelo Copom em junho.
O peso dos juros sobre a economia também subiu: representa agora 7,89% do PIB, contra 7,11% no mesmo período de 2024. Mesmo sem considerar o pagamento de juros, o país registrou déficit primário de R$ 33,2 bilhões, equivalente a 0,27% do PIB, revelando que o setor público segue gastando mais do que arrecada.
A dívida bruta do governo geral (DBGG) também continua em trajetória ascendente. Em setembro, alcançou 78,1% do PIB, o que representa R$ 9,7 trilhões em valores absolutos. Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o governo, a relação dívida/PIB estava em 71,7% — ou seja, houve aumento de 6,4 pontos percentuais em menos de dois anos.
Os dados reforçam o alerta sobre o desequilíbrio fiscal do país, em um cenário de baixo crescimento econômico e pressões políticas por mais gastos. Especialistas afirmam que, sem controle das despesas e com juros altos, o ajuste das contas públicas se torna cada vez mais distante, comprometendo a confiança e a capacidade de investimento do Estado.
📉 Com déficit trilionário e dívida crescente, o Brasil volta a conviver com um velho fantasma: o do descontrole fiscal.