
Anunciado com pompa e expectativa durante a COP30 em Belém, o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre, principal aposta internacional do governo Lula para financiar a preservação ambiental, atraiu a atenção de líderes de todo o mundo mas não o mesmo entusiasmo nas carteiras.
Durante o almoço em que o presidente apresentou o projeto a mais de 50 chefes de Estado, o clima era de celebração e consenso político em torno da causa ambiental. No entanto, quando as intenções se transformaram em números, o resultado foi bem mais modesto: apenas quatro países confirmaram aportes financeiros até o momento.
A Noruega, tradicional parceira do Brasil em iniciativas de preservação, foi a que mais se comprometeu, com US$ 3 bilhões em dez anos, ainda condicionados a critérios específicos de aplicação. A França prometeu US$ 577 milhões, a Holanda anunciou US$ 5,8 milhões, e Portugal confirmou apenas US$ 1 milhão.
Somados aos US$ 2 bilhões previamente destinados por Brasil e Indonésia, o fundo acumula até agora US$ 5,6 bilhões — menos da metade da meta revisada de US$ 10 bilhões, e muito distante dos US$ 25 bilhões projetados originalmente pelo governo brasileiro.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a Alemanha deve formalizar seu aporte “nos próximos dias”, o que elevaria o total. O Reino Unido, por sua vez, ficou apenas na retórica. O príncipe William, herdeiro do trono britânico, elogiou o projeto, chamando-o de “um passo visionário para a estabilidade climática”, mas sem qualquer promessa concreta de contribuição.
O descompasso entre o discurso e o financiamento real acende um alerta. O governo brasileiro esperava transformar o fundo em um símbolo global de compromisso com o clima e de liderança regional na agenda ambiental. Por ora, porém, o que se vê é um cenário de muito apoio político e pouco dinheiro efetivo.
A COP30 revelou um consenso internacional sobre a urgência climática — mas também a distância entre as palavras e os recursos. O desafio de Lula, agora, é transformar aplausos em aportes.