Rebeca Romero: “Entre a Verdade e o Viral: o Desafio de Comunicar na Era Digital”

O artigo “Entre a Verdade e o Viral: o Desafio de Comunicar na Era Digital”, de Rebeca Romero, reflete sobre o impacto da democratização da informação nas redes sociais e o dilema entre liberdade de expressão e responsabilidade. A autora alerta que, embora todos possam comunicar, a velocidade e o desejo por engajamento têm superado o compromisso com a verdade, alimentando a desinformação e as fake news. Romero destaca que a responsabilidade pela veracidade não é apenas dos veículos de imprensa que precisam reconquistar a confiança do público, mas também de cada cidadão, que deve checar fontes e refletir antes de compartilhar.

Rebeca Romero: “Entre a Verdade e o Viral: o Desafio de Comunicar na Era Digital”

Vivemos um tempo em que todos têm voz. Basta um celular e uma conexão com a internet para que qualquer pessoa se torne emissora de informações, comentando fatos, criando conteúdos e até divulgando notícias. Essa liberdade de expressão é um avanço inegável da era digital — mas também é, paradoxalmente, uma das maiores ameaças à veracidade da comunicação nos dias de hoje.

Antes, os veículos de comunicação tradicionais — jornais, rádios e televisões — eram as principais fontes de informação. Havia um processo de apuração, checagem e responsabilidade editorial. Claro que nem sempre tudo era perfeito, mas havia um compromisso ético que sustentava a credibilidade da notícia. Hoje, o cenário é completamente diferente: a informação corre mais rápido do que a verdade consegue acompanhá-la.

Nas redes sociais, a pressa em ser o primeiro a “contar” algo supera preocupação em confirmar os fatos. E o que é mais preocupante: muitas pessoas compartilham notícias falsas sem nem perceber. A lógica do engajamento — likes, visualizações e curtidas — muitas vezes vale mais do que o compromisso com a realidade. O resultado disso é um ambiente digital saturado de fake news, desinformação e manipulação emocional.

Mas não se trata apenas de culpar as redes ou os algoritmos. A responsabilidade também é nossa, enquanto cidadãos e consumidores de informação. Cada curtida, comentário ou compartilhamento é uma escolha. Quando decidimos repassar algo sem verificar a fonte, estamos colaborando com o ciclo da mentira. E isso tem consequências reais — nas urnas, nas ruas e até nas relações pessoais.

Por outro lado, os veículos de comunicação tradicionais também precisam se reinventar. É necessário reconquistar a confiança do público, mostrando transparência nos processos, admitindo erros e mantendo o compromisso com a verdade, mesmo quando ela é impopular. A credibilidade continua sendo o bem mais valioso de qualquer meio de comunicação.

A verdade é que vivemos um tempo em que todos somos comunicadores, e isso muda tudo. A informação deixou de ser um privilégio e passou a ser uma responsabilidade compartilhada. É preciso refletir antes de publicar, verificar antes de opinar e lembrar que, por trás de cada notícia, existem pessoas, contextos e consequências.

A liberdade de expressão é um direito sagrado — mas, sem compromisso com a verdade, ela se transforma em ruído. Comunicar é poder, e todo poder exige responsabilidade. No fim das contas, preservar a veracidade da comunicação é o primeiro passo para preservar também a saúde da nossa democracia.