Elaborado na gestão Temer, Pix completa 5 anos com R$ 117 bilhões economizados

Sistema já movimenta cifras maiores que o PIB do país e se prepara para avançar em proteção, crédito e internacionalização

Elaborado na gestão Temer, Pix completa 5 anos com R$ 117 bilhões economizados
Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

O Pix chega aos seus cinco anos de existência consolidado como um dos instrumentos mais transformadores do sistema financeiro brasileiro. Desde 2020, a ferramenta de pagamentos instantâneos do Banco Central incorporou-se ao cotidiano de três em cada quatro brasileiros e gerou uma economia estimada em R$ 117 bilhões para consumidores e empresas. Apenas entre janeiro e setembro de 2025, foram R$ 38,3 bilhões poupados — resultado direto da queda no uso de TEDs e da migração crescente de pagamentos de pessoas para empresas (P2B), modalidade que, com custos muito menores que os do débito, se tornou dominante.

O volume movimentado pelo sistema evidencia o tamanho da revolução. Em 2024, o Pix somou R$ 26 trilhões em transações — o equivalente a dois PIBs e meio do Brasil. Em 2025, de janeiro a outubro, já ultrapassou a marca de R$ 28 trilhões. Em setembro, bateu um recorde histórico: 290 milhões de operações em apenas 24 horas. Dados do BC mostram que adultos entre 20 e 49 anos concentram a maior parte das transações, com destaque para o Sudeste, seguido por Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste.

A popularização acelerada veio acompanhada de evolução constante do sistema. O que nasceu como um mecanismo para transferências imediatas hoje incorpora funcionalidades como Pix Automático, Pix Saque, Pix Troco, cobranças, pagamentos por aproximação e agendamentos. Mais de 178 milhões de pessoas já utilizam o serviço e detêm 900 milhões de chaves registradas. E há novidades em gestação: o Pix Parcelado, aguardado para este ano, foi adiado e deve ter regulamentação lançada até o fim de 2025. Mesmo sem regulamentação formal, pesquisas citadas pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo, indicam que mais da metade dos brasileiros já utiliza formas informais de parcelamento via Pix.

Os avanços, porém, ampliaram a necessidade de reforçar a segurança. Em 2024, ataques cibernéticos expuseram vulnerabilidades do sistema financeiro, como o caso da Sinqia, que sofreu desvio de cerca de R$ 420 milhões por meio de fraudes envolvendo o Pix. Para proteger a reputação do arranjo de pagamentos — considerada pelo BC seu “ativo mais valioso” —, o órgão acelerou mudanças no Mecanismo Especial de Devolução (MED). Desde outubro, o chamado “botão de contestação” permite recuperar valores de forma mais ágil quando há golpes, erros ou fraudes. Só em 2024 foram registradas perdas de R$ 6,5 bilhões, um aumento de 80% em relação ao ano anterior.

As novas regras seguem em expansão. A partir de 23 de novembro, pedidos de estorno poderão ser iniciados por contas distintas da que sofreu o golpe, dificultando manobras de criminosos que transferem quantias para bancos intermediários. A adoção será obrigatória para todas as instituições a partir de 2 de fevereiro de 2025. Neste ano, mais de 1,13 milhão de devoluções já foram concluídas, somando quase R$ 400 milhões estornados.

Ao completar meia década, o Pix entra em uma nova etapa — mais complexa, mais ambiciosa e, nas palavras do BC, “silenciosamente revolucionária”. Projetos em desenvolvimento apontam para um sistema que avança para o crédito, o comércio e até para além das fronteiras brasileiras. Entre eles estão o Pix Duplicata, voltado ao pagamento de títulos empresariais; o Pix em Garantia, previsto para o próximo biênio; e o Pix Offline, que permitirá transações mesmo sem internet, beneficiando regiões isoladas.

A internacionalização também deixou de ser uma possibilidade remota. O BC apoia soluções do mercado que buscam integrar o Pix a ecossistemas de pagamento estrangeiros, desde que cumpram regras de compliance, prevenção à lavagem de dinheiro e identificação de usuários. A expectativa da autarquia é que novas pontes globais sejam construídas nos próximos anos.

Cinco anos após seu lançamento, o Pix não apenas mudou a forma como os brasileiros pagam, recebem e circulam dinheiro — mudou o próprio modo como o país entende o sistema financeiro. Agora, prepara-se para uma segunda onda de transformações, com foco total em segurança, crédito e novas fronteiras digitais.