
Presidente não conseguirá ficar surfando num 8 de Janeiro perpétuo em que só valem a retórica e o ataque aos adversários
Afora a morte de quatro heróis de farda e os graves ferimentos noutros policiais, a ação determinada pelo governador Cláudio Castro contra a facção criminosa Comando Vermelho obteve apoio maciço dos moradores das comunidades cariocas, da cidade, do estado do Rio e de todo o país. A ação cria também uma nova marca no calendário político do país, que colocará o presidente da República finalmente diante de inúmeras questões que não são retóricas e que, durante o atual mandato, ele metodicamente insistiu em não enfrentar.
Insistiu, não. Insiste, persiste, resiste, num negacionismo do problema real que é a violência — a ponto de chamar o episódio do Alemão de “matança”. Repete a insensatez de tratar os traficantes como “vítimas”. Matança, presidente, foi a dos quatro policiais e dos agentes da lei feridos. Defender a soberania é defender o território dos brasileiros. O Brasil está sendo ocupado pelas facções, enquanto o senhor fica ao lado dos invasores e a favor dos inimigos do povo, aterrorizado em todo o país.
Lula 3 começou e parou em 8 de Janeiro. A baderna que invadiu a Praça dos Três Poderes e profanou as sedes de Executivo, Legislativo e Judiciário acabou servindo para que o presidente encontrasse a justificativa política para não se encontrar com os problemas reais do país.
O 28 de Outubro de 2025 lembra que Lula tem um encontro marcado com as questões que angustiam e apavoram o povo brasileiro. Ele não conseguirá ficar surfando num 8 de Janeiro perpétuo, em que valem apenas a retórica e o ataque aos adversários, enquanto a paralisia do governo e o atendimento dos temas que desesperam o povo são deixados de lado — camuflados pela fumaça do palanquismo de onde o presidente nunca saiu.
Lula nunca subiu a rampa do Palácio do Planalto para assumir, de fato, a Presidência da República e cuidar de todos os brasileiros. Subiu num palanque — e de lá vem governando, turbinado pelo 8 de Janeiro, que lhe caiu como uma luva para se alienar dos problemas reais da população.
A operação no Complexo do Alemão o coloca diante da realidade. Por mais que seu instinto e sua vontade mais profunda fossem usar o episódio para repetir mais um round do “nós contra eles”, teve de recuar inicialmente porque a realidade gritou: a sociedade não aguenta mais a violência desenfreada que Lula 3 nada fez para enfrentar.
Assim como a sociedade não aguenta mais o horror em que se encontra a saúde — e o governo capricha na propaganda. Mas os necessitados sabem que a saúde é péssima, de uma maneira geral, em todo o país, e que o governo Lula, em sua versão atual, nada fez e nada faz para melhorá-la.
Da mesma forma, o preço dos alimentos. Para o presidente, 8 de Janeiro o tempo todo. Para os pobres, 10%, 15%, 20%, 30% — e até mais — de carestia nos alimentos. E, com boa parcela de ajuda de muitos canais que só reverberam a retórica presidencial, o Brasil, para o presidente, se tornou o país de um problema só. Só que não.
A grande importância do 28 de Outubro é despertar o Brasil e colocar o presidente para enfrentar a realidade que ele teimou em não encarar. O Brasil não é o país de um problema só. O Brasil e o povo têm enormes e dolorosos problemas que estão aí, abandonados, como se não existissem.
Agora, na campanha que se aproxima, o que contará não é a retórica — o samba de uma nota só usado para anestesiar o país com a própria inércia. Contará a avaliação do povo: a saúde melhorou? A violência? O preço dos alimentos? Problemas reais, e não fantasmas imaginários. Lula será confrontado com a realidade — e julgado por ela. E a realidade, presidente, a realidade é que a realidade não anda nada boa.