Após cassação, Ramagem se torna inelegível, enquanto Eduardo Bolsonaro poderá se candidatar

Após cassação, Ramagem se torna inelegível, enquanto Eduardo Bolsonaro poderá se candidatar
Perda de mandato por faltas gera efeitos distintos e expõe diferenças jurídicas entre os dois parlamentares do PL

A decisão da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados que declarou a perda de mandato de Eduardo Bolsonaro, do PL de São Paulo, e de Alexandre Ramagem, do PL do Rio de Janeiro, produziu consequências políticas diferentes para cada um deles. Enquanto Eduardo mantém seus direitos políticos e poderá disputar novas eleições, Ramagem passa a ficar inelegível.

Nos dois casos, a Mesa acionou um dispositivo da Constituição Federal que prevê a perda de mandato para parlamentares que deixarem de comparecer a pelo menos um terço das sessões ordinárias da Casa. A medida não envolve julgamento por quebra de decoro, mas uma declaração administrativa baseada em faltas acumuladas.

Eduardo Bolsonaro já havia registrado 59 ausências, número suficiente para a aplicação da regra constitucional. Como a perda do mandato ocorreu por esse critério, ele não sofre suspensão dos direitos políticos e permanece apto a concorrer em futuras eleições.

A situação de Alexandre Ramagem é diferente. Além das faltas que levaram à perda do mandato, ele já havia sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal no processo que apurou a trama golpista, recebendo uma pena de 16 anos de prisão. Com a condenação, Ramagem teve seus direitos políticos suspensos, o que resulta automaticamente em inelegibilidade.

Pela legislação eleitoral, condenações desse tipo impõem um período de oito anos de inelegibilidade, contado a partir da decisão judicial. Assim, mesmo que o mandato tenha sido declarado perdido pelo mesmo fundamento constitucional, os efeitos práticos são distintos.

Ambos os parlamentares estão fora do país, em autoexílio nos Estados Unidos, e a decisão da Mesa provocou reações políticas no Congresso. Aliados do PL defendem recurso ao plenário, enquanto governistas celebram a perda dos mandatos.

O caso evidencia como o motivo formal da perda do mandato e o histórico judicial de cada parlamentar são determinantes para definir se haverá ou não impacto direto sobre a possibilidade de disputar novas eleições.