Aécio alerta para novas “pedaladas” fiscais e diz que governo Lula transforma orçamento em peça de ficção

Aécio alerta para novas “pedaladas” fiscais e diz que governo Lula transforma orçamento em peça de ficção

Em análise do Instituto Teotônio Vilela, deputado tucano critica exceções no arcabouço fiscal, acusa o governo de maquiar gastos e alerta para impactos diretos no bolso da população.

O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), voltou a criticar a condução das contas públicas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em texto publicado na edição nº 67 do Farol da Oposição, Aécio afirma que o Planalto transformou o orçamento em uma “peça de ficção” ao multiplicar exceções no chamado arcabouço fiscal.

Segundo o tucano, as medidas anunciadas pelo governo na última semana, destinadas a socorrer empresas afetadas pela sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos às importações brasileiras, representam um novo desvio da meta fiscal. Do total de R$ 30 bilhões previstos, cerca de R$ 9,5 bilhões ficarão fora do limite de gastos até 2026.

“Responsabilidade fiscal não é perversão de quem examina as contas públicas com cuidado e zelo. É, isto sim, a forma mais adequada de fazer justiça social”, afirmou Aécio, em referência ao efeito dos gastos descontrolados sobre inflação, juros e câmbio.

Exceções que viram regra

De acordo com a publicação, desde 2023 o governo Lula já excluiu perto de R$ 400 bilhões das metas fiscais, utilizando brechas para viabilizar mais despesas. Em julho, o Planalto liberou R$ 20,6 bilhões extras, amparado na arrecadação recorde. Para Aécio, o valor poderia ter sido direcionado às exportações sem abrir mão do equilíbrio fiscal.

A crítica central é que, de exceção em exceção, o orçamento acabou esvaziado de credibilidade, dificultando previsibilidade para empresas e investidores.

Impacto no cotidiano

A edição também chama atenção para os efeitos do desequilíbrio sobre a economia real. Os juros seguem em patamar elevado, a inflação pressiona o consumo e o endividamento bate recordes. De acordo com os dados apresentados, mais de 78 milhões de brasileiros estão inadimplentes, e 7,7 milhões de empresas têm contas em atraso.

Para a oposição, o cenário é reflexo direto da política fiscal do governo. Já o Planalto argumenta que medidas emergenciais são necessárias para proteger empregos e setores estratégicos da economia, especialmente diante de choques externos, como a alta de tarifas nos EUA.

Disputa de narrativas

O embate em torno do arcabouço fiscal deve seguir no centro do debate político e econômico. De um lado, o governo sustenta que atua para preservar programas sociais e garantir crescimento; de outro, críticos como Aécio afirmam que o excesso de exceções compromete a transparência e a confiança nas contas públicas.

O consenso, dentro e fora de Brasília, é que a trajetória fiscal seguirá sendo fator decisivo para os rumos da economia brasileira nos próximos anos — e para a própria disputa eleitoral de 2026.