Bandeira dos EUA rouba a cena no 7 de Setembro e gera rejeição nas redes

Levantamento mostra que maioria dos comentários criticou protagonismo do símbolo americano em ato que deveria celebrar a independência do Brasil.

Bandeira dos EUA rouba a cena no 7 de Setembro e gera rejeição nas redes
NELSON ALMEIDA
Bandeira

O que deveria ser uma celebração da independência do Brasil acabou marcado por uma polêmica inesperada. Durante a manifestação do 7 de Setembro na Avenida Paulista, em São Paulo, a imagem que ganhou protagonismo não foi a do verde e amarelo, mas sim a de uma enorme bandeira dos Estados Unidos.

O gesto, associado à tentativa de aproximação com o ex-presidente americano Donald Trump, acabou tendo efeito contrário. Nas redes sociais, a escolha foi duramente criticada. Dados da empresa de inteligência digital AP Exata, com base em 27 mil publicações no X (antigo Twitter) e Instagram, mostram que 64,4% das menções foram negativas, contra apenas 21,6% positivas e 9% neutras.

Contradição política

A exibição da bandeira estrangeira levantou questionamentos. O mesmo Trump celebrado por parte dos manifestantes foi o responsável por impor tarifas que prejudicaram exportações brasileiras, afetando cadeias produtivas inteiras. A cena, para muitos, passou a impressão de subserviência em um dia que deveria exaltar a soberania nacional.

Analistas destacam que a repercussão foi particularmente negativa entre o eleitorado moderado e a classe média, que buscam estabilidade diplomática e soluções internas para a economia. A leitura dominante foi a de que o episódio não trouxe ganhos concretos, apenas mais incerteza.

Impacto político

O uso da bandeira americana também acabou ofuscando a pauta principal do ato, que era destacar valores como liberdade, equilíbrio entre os poderes e confiança na democracia. Ao dar protagonismo a um símbolo estrangeiro, os organizadores abriram espaço para que adversários políticos reforçassem o discurso de que a independência e a soberania brasileiras foram deixadas em segundo plano.

A cena dominou as redes e o noticiário, levantando uma questão incômoda até entre aliados: em um dia que simboliza a autonomia nacional, qual mensagem se transmite quando a bandeira central não é a do Brasil?