Bolsonaro e Valdemar decidem apoiar o PL da Dosimetria e articulam ofensiva da oposição no Congresso

Ex-presidente e líder do PL vão mobilizar a bancada em defesa do projeto relatado por Paulinho da Força, que busca revisar penas dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

Bolsonaro e Valdemar decidem apoiar o PL da Dosimetria e articulam ofensiva da oposição no Congresso

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, decidiram unir forças para destravar o Projeto de Lei da Dosimetria, que propõe a revisão proporcional das penas aplicadas aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. O movimento marca uma nova ofensiva da oposição no Congresso e sinaliza a tentativa de reposicionar o partido no debate institucional.

A reunião entre Bolsonaro e Valdemar ocorreu nesta segunda-feira, em Brasília, e durou mais de três horas. Segundo interlocutores, ambos avaliaram que o texto relatado pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) está paralisado por falta de articulação política no Senado. O ex-presidente defendeu uma atuação mais firme do PL para garantir o avanço da proposta, mas sem romper pontes com o Centrão, grupo considerado essencial para destravar votações.

Valdemar se comprometeu a ampliar a movimentação da legenda no Senado, com o apoio do líder da bancada, Rogério Marinho (PL-RN). A expectativa é que o partido use sua influência para viabilizar a votação do projeto ainda neste ano legislativo. O tema é considerado estratégico por sua capacidade de mobilizar as bases bolsonaristas e pressionar o governo federal.

Nos bastidores, a articulação conta também com a influência do deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que tem defendido a necessidade de uma solução de equilíbrio que respeite as decisões do Supremo Tribunal Federal, mas evite punições desproporcionais. Aécio vem atuando de forma discreta para consolidar um consenso em torno da proposta, que ele considera um gesto de pacificação e maturidade institucional.

O PL da Dosimetria busca revisar as penas impostas aos réus do 8 de janeiro sem conceder anistia, garantindo proporcionalidade entre o grau de envolvimento e a punição. A proposta é vista como uma alternativa intermediária entre a anistia ampla defendida por setores da direita e o rigor punitivo mantido por parte da esquerda.

Para Bolsonaro e Valdemar, o projeto também possui forte simbolismo político: representa uma bandeira capaz de mobilizar o eleitorado conservador e, ao mesmo tempo, mostrar disposição para o diálogo institucional. O gesto reforça a tentativa do PL de pautar a agenda do Congresso e ampliar seu protagonismo na oposição ao governo Lula.

Além da dosimetria, Bolsonaro e Valdemar trataram de temas como o Orçamento de 2026, a formação de alianças regionais e a estratégia eleitoral do partido para os próximos dois anos. O ex-presidente defendeu a priorização de palanques ideológicos em estados estratégicos, enquanto Valdemar argumentou em favor de acordos pragmáticos com Republicanos e PP em regiões-chave.

Com a ofensiva em torno do projeto, o PL pretende recolocar o debate político em um novo patamar, defendendo justiça e equilíbrio sem recorrer à radicalização. A expectativa é de que o tema volte à pauta do Congresso nas próximas semanas, testando a capacidade de articulação entre oposição e centro político.