Carla Zambelli renuncia ao mandato e pressiona Motta, Eduardo e Ramagem na Câmara

Renúncia encerra impasse jurídico, mas amplia tensão entre STF, comando da Câmara e ala bolsonarista

Carla Zambelli renuncia ao mandato e pressiona Motta, Eduardo e Ramagem na Câmara
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A renúncia da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ao mandato parlamentar não apenas encerra um longo embate jurídico com o Supremo Tribunal Federal, como também aprofunda pressões políticas internas na Câmara dos Deputados. O episódio colocou sob os holofotes o presidente da Casa, Hugo Motta, além de lideranças influentes do PL, como Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem.

A saída de Zambelli ocorre após o STF determinar a perda imediata do mandato e estabelecer prazo para a convocação do suplente. Diante da decisão judicial, a Presidência da Câmara foi obrigada a agir para evitar um novo confronto institucional. A convocação rápida do suplente buscou preservar a autoridade da Casa e impedir a leitura de omissão ou resistência às ordens do Judiciário.

No caso de Hugo Motta, a pressão foi direta e institucional. Ao longo do processo, ele tentou equilibrar demandas internas da oposição, que defendiam a análise política do caso, com o cumprimento das decisões do STF. A anulação do ato da Câmara pelo Supremo enfraqueceu a estratégia de mediação e expôs os limites da autonomia do Legislativo diante de decisões judiciais definitivas.

A situação também gerou desgaste para Eduardo Bolsonaro, uma das principais referências do bolsonarismo no Congresso. Parte da base mais ideológica esperava uma reação mais contundente contra o Supremo, enquanto outra ala defende uma postura mais cautelosa para evitar o agravamento de riscos jurídicos e políticos. A renúncia de Zambelli evidenciou esse dilema e aumentou a cobrança por liderança e posicionamento claro.

Já Alexandre Ramagem acompanha o caso com atenção estratégica. Investigado em processos que tramitam no STF, ele e outros parlamentares veem no desfecho de Zambelli um sinal de que a Câmara pode ter menos margem para proteger mandatos quando confrontada por decisões judiciais diretas. O episódio funciona como alerta para quem aposta na blindagem política como principal linha de defesa.

Com a renúncia, a vaga de Zambelli será ocupada pelo suplente Adilson Barroso, encerrando formalmente o caso no âmbito administrativo da Câmara. Politicamente, no entanto, o episódio deixa marcas profundas, expõe tensões internas e reforça um novo cenário de relação entre os Poderes, no qual o espaço de manobra do Legislativo se mostra cada vez mais estreito.