
O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou nesta quinta-feira (9) que considera “urgente” a convocação de José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para prestar depoimento à comissão. Segundo Viana, é necessário que o dirigente sindical esclareça sua participação nas decisões da entidade que está entre os alvos da investigação.
A declaração foi feita durante sessão da comissão que ouviu Milton Baptista de Souza Filho, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), entidade onde Frei Chico ocupa o cargo de vice-presidente. O depoente, no entanto, optou por permanecer em silêncio diante da maioria das perguntas.
O impasse gerou tensão entre os parlamentares. O relator da CPMI, Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que, diante do silêncio do presidente do sindicato, poderia propor a convocação do irmão do presidente da República. “Está nas mãos do senhor a vinda do irmão do presidente da República para depor nesta CPMI”, declarou Gaspar. A fala provocou reação imediata do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que acusou o relator de tentar intimidar o depoente.
O Sindnapi está entre as entidades citadas na Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura um esquema bilionário de fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios previdenciários. A Controladoria-Geral da União (CGU) também apura irregularidades e já apontou omissão do sindicato quanto à presença de Frei Chico em seus quadros dirigentes.
Apesar das citações, José Ferreira da Silva não é formalmente investigado pela PF. Mesmo assim, sua eventual convocação tem sido defendida por parlamentares da oposição, que querem esclarecer a extensão de seu papel na entidade.
Na manhã desta quinta-feira, a Polícia Federal deflagrou uma nova fase da Operação Sem Desconto, cumprindo mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao Sindnapi, incluindo a sede do sindicato em São Paulo e a residência de dirigentes.
Em nota, o Sindnapi afirmou ter recebido “com surpresa” a ação policial e declarou “absoluto repúdio e indignação” a quaisquer acusações de irregularidades em sua administração. A entidade disse que vai comprovar “a lisura e legalidade de sua atuação, sempre em prol de seus associados”.
A CPMI do INSS foi instalada para investigar fraudes no sistema previdenciário e apurar eventuais desvios de recursos públicos em convênios e repasses a entidades sindicais e privadas.