
Em mais um capítulo das turbulências internas que atingem o Cidadania, o partido decidiu interromper oficialmente as negociações para formar uma federação com o PSB. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (4), em reunião extraordinária do diretório nacional, e reflete o desgaste crescente provocado pela tentativa do ex-presidente Roberto Freire de reassumir o comando da sigla.
Por 60 votos a 1, os dirigentes confirmaram a ruptura das tratativas e aprovaram uma resolução que ratifica todas as decisões tomadas pela Executiva Nacional desde setembro de 2023, quando Comte Bittencourt assumiu a presidência. O gesto consolidou sua posição no comando e buscou encerrar a disputa interna que já vinha se arrastando há meses.
Freire, que não compareceu à reunião, tenta articular o retorno à presidência desde a dissolução da federação com o PSDB, em março deste ano acordo firmado originalmente sob sua gestão. A ruptura com os tucanos abriu uma crise que dividiu o partido entre os que defendiam manter a aliança e os que viam na separação uma oportunidade de reconstruir a identidade da legenda.
A proposta de nova federação com o PSB surgiu como uma alternativa de sobrevivência institucional diante das exigências da cláusula de barreira, mas acabou acentuando o racha interno. Setores ligados a Freire defendiam a reaproximação com o campo progressista, enquanto a atual direção argumentava que o momento exigia estabilidade e autonomia partidária.
Com a decisão de ontem, o Cidadania sinaliza o fim dessa negociação e tenta virar a página de uma crise que ameaçava seu funcionamento nacional. Comte Bittencourt segue na presidência, com apoio da maioria do diretório, e promete concentrar esforços na reorganização da legenda e na construção de alianças regionais mais amplas.
A decisão reforça o isolamento político de Roberto Freire e marca o encerramento de um ciclo turbulento na história recente do partido.