Ciro Gomes volta ao PSDB, dispara contra o PT e sinaliza união da oposição no Ceará

Em evento com presença de bolsonaristas, ex-ministro critica Lula, fala em reconstrução do país e deixa aberta possibilidade de disputar o governo estadual em 2026

Ciro Gomes volta ao PSDB, dispara contra o PT e sinaliza união da oposição no Ceará

O ex-governador Ciro Gomes oficializou, nesta quarta-feira (22), seu retorno ao PSDB, em uma cerimônia realizada no Hotel Mareiro, em Fortaleza. A filiação marcou não apenas a volta de Ciro ao partido em que iniciou parte de sua trajetória política, mas também uma nova configuração nas articulações da oposição ao governador Elmano de Freitas (PT) no Ceará.
O evento reuniu lideranças tucanas e contou com a presença de nomes ligados ao bolsonarismo, como o deputado federal André Fernandes (PL) e o ex-deputado Capitão Wagner (União Brasil). A composição inusitada simboliza uma tentativa de unificação das forças de oposição no estado.
Durante o discurso, Ciro teceu duras críticas ao governo Lula e ao Partido dos Trabalhadores, associando o PT à corrupção e à criminalidade.
“Quando o Lula se elege, chama o José Alencar, do PL. Depois, Michel Temer. Agora, Alckmin, fundador do PSDB, virou socialista para eles. Aqui não tem ladrão — e lá?”, provocou o novo tucano, sob aplausos.
Sem confirmar oficialmente uma pré-candidatura ao governo do Ceará, Ciro afirmou que “morre pelo Brasil, mas mata pelo Ceará”, deixando no ar sua disposição de voltar à disputa estadual em 2026.
Aproximações e alianças improváveis
A presença de André Fernandes chamou atenção pela reaproximação entre os dois, iniciada no segundo turno da eleição municipal de Fortaleza, quando Ciro apoiou o deputado. O parlamentar, por sua vez, manifestou apoio à possível candidatura do ex-ministro:
“Espero que a oposição esteja unida em 2026. Temos divergências, mas o diálogo pode nos unir por um projeto maior para o Ceará”, declarou.
Capitão Wagner também compareceu e reforçou o mesmo tom conciliador, defendendo uma frente ampla de oposição.
“Precisamos de um projeto que una diferentes visões. Seja Ciro, Roberto Cláudio ou outro nome, o importante é que o Ceará volte a sonhar com desenvolvimento e segurança”, disse.
Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza e aliado histórico de Ciro, também discursou e atacou a gestão petista:
“O Brasil está sendo conduzido por uma gente sem honra, que escolheu dividir o país. O povo cearense está cansado do descaso e da corrupção”, afirmou.
Críticas ao governo e à velha política
Em seu discurso, Ciro voltou a acusar o governo federal de promover “clientelismo” e “roubalheira generalizada” por meio do uso das emendas parlamentares. Segundo ele, o Brasil vive o “cenário mais corrupto da história recente” e sofre com o avanço da informalidade, da criminalidade e da miséria.
“Minha vida não tem sido fácil, mas sigo fiel às minhas convicções. Não vou ser omisso nem conivente com a perversão política que destrói o Brasil”, declarou.
O ex-governador também ironizou o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), seu antigo aliado e atual desafeto político.
“Vamos discutir, Camilo. Eu vou tirar a sua máscara”, disse Ciro, ao ser aplaudido pelo público.
Nova fase do PSDB
A filiação de Ciro Gomes é vista como parte da estratégia do PSDB de reconstruir sua base nacional após um período de esvaziamento. A articulação foi conduzida pelo ex-governador Tasso Jereissati, um dos principais nomes históricos do partido e aliado de longa data de Ciro.
O PSDB busca retomar protagonismo nas eleições de 2026, apostando em nomes tradicionais como Marconi Perillo (GO), Beto Richa (PR) e Aécio Neves (MG), além de costurar novas alianças regionais. Há também conversas para a filiação do ex-prefeito do Rio, César Maia, que pode disputar o Senado.
Entre aplausos e provocações, a volta de Ciro ao ninho tucano marca um novo capítulo na política cearense — e sinaliza que a disputa pelo governo do estado promete fortes emoções em 2026.