
A política mineira começa a se mover em torno da sucessão de Romeu Zema (Novo), e um dos movimentos mais inesperados parte do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG). Conhecido pela postura crítica ao governo federal e pela origem bolsonarista de sua campanha, Cleitinho vem dando sinais ainda sutis, mas perceptíveis de que pode buscar um caminho de diálogo com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva.
O rumor ganhou força depois de uma confusão curiosa: uma foto do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), com o prefeito de Divinópolis, Gleidison Azevedo — irmão gêmeo de Cleitinho — viralizou nas redes e levou muitos a acreditarem que o próprio senador havia se encontrado com o petista. A semelhança rendeu explicações apressadas, mas também serviu de metáfora para o novo momento político do parlamentar: mesmo sem estar na foto, ele começa a surgir na mesma moldura.
Segundo fontes petistas, interlocutores do Republicanos já teriam sondado o partido sobre uma possível aliança para a disputa ao governo de Minas Gerais em 2026. Cleitinho lidera as pesquisas iniciais e, até agora, tem como principal adversário o atual vice-governador, Mateus Simões (PSD), que assumirá o cargo quando Zema deixar o posto para concorrer a outro mandato.
No PT, o nome mais aguardado segue sendo o do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), preferido por Lula para representar o campo governista na corrida estadual. Mas o cenário é incerto: Pacheco ainda sonha com uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), e o Planalto sinaliza que o favorito de Lula para o posto é o atual advogado-geral da União, Jorge Messias.
Com essa indefinição, a aproximação entre o PT e Cleitinho começa a ser vista como uma alternativa pragmática — improvável até pouco tempo atrás, mas hoje politicamente viável. O movimento também amplia o isolamento do grupo de Zema, que tentará manter o comando do estado com Mateus Simões, mas pode enfrentar um bloco de oposição mais amplo do que esperava.
Em Minas, onde as alianças raramente seguem uma lógica ideológica, o gesto de Cleitinho indica que a disputa de 2026 será menos sobre rótulos e mais sobre terreno político. E, nesse campo, até as velhas rivalidades parecem dispostas a conversar.