
Acusada de “incapacidade moral” em meio a uma crise de segurança e escândalos de corrupção, Boluarte foi afastada do cargo; Peru tem agora o sétimo presidente desde 2016 e Ministério Público pede proibição de saída do país.
A informação original foi divulgada pelo jornal O Globo.
Com a destituição, o Ministério Público peruano agiu rapidamente, pedindo à Justiça que proíba Boluarte de deixar o país enquanto é investigada por supostos casos de corrupção, como o notório “Rolexgate”, e o caso de abandono de cargo por uma cirurgia plástica.
Chefe do Parlamento assume em meio ao caos
Devido à ausência de um vice-presidente, o novo chefe de Estado é José Jerí, líder do Parlamento, que prestou juramento e completará o mandato até julho de 2026. Ao assumir, Jerí já indicou o tom de sua gestão, focada no principal problema que levou à queda de sua antecessora: a insegurança.
“O principal inimigo está fora, nas ruas, os grupos criminosos, as organizações criminosas, eles são hoje nossos inimigos, e aos inimigos devemos declarar guerra”, declarou o novo presidente em seu juramento.
Jerí será o sétimo presidente do Peru desde 2016, um dado que escancara a volatilidade política do país andino, onde presidentes são rotineiramente destituídos ou renunciam para evitar o impeachment.
Pressão das Ruas e Escândalos
Boluarte, que assumiu após o impeachment de Pedro Castillo (de quem era vice) em 2022, vinha sendo pressionada por protestos e escândalos.
Apesar de ter feito pactos com forças conservadoras para sobreviver politicamente por quase dois anos, sua popularidade desabou em meio à onda de extorsões e assassinatos ligados ao crime organizado, algo inédito no Peru. Além disso, ela era investigada por:
- Violência na Repressão aos Protestos: Sua gestão inicial foi marcada por protestos violentos que resultaram em cerca de 50 mortes.
- Cirurgia Plástica: Suposto abandono de cargo ao se submeter a uma cirurgia plástica sem notificar o Congresso.
- Rolexgate: Uso de joias de luxo, incluindo relógios Rolex não declarados em sua lista de bens.
Com a destituição, Boluarte perde o foro privilegiado e pode ser processada e condenada. O Ministério Público solicitou que a Justiça imponha entre 18 e 36 meses de proibição de saída do país em dois processos diferentes.