Crise no INSS expõe falhas de gestão e pressiona Lula 3

Esquema de fraudes, filas intermináveis e reformas paradas revelam fragilidades do sistema previdenciário e elevam desgaste político do governo.

Crise no INSS expõe falhas de gestão e pressiona Lula 3

O avanço das investigações sobre fraudes bilionárias no INSS reacendeu um debate que atravessa governos, mas que agora atinge em cheio o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. A Polícia Federal já identificou novos nomes ligados ao pagamento de propina no esquema de descontos indevidos em aposentadorias, ampliando o escândalo que atravessou três gestões e continuou ativo por mais de dois anos sob Lula 3.

Embora a rede criminosa não tenha começado neste governo, o problema cresceu em um cenário marcado por entraves administrativos, ausência de reformas estruturais e demora em agir diante dos alertas de órgãos de controle. Mesmo sem considerar a corrupção agora revelada, o INSS já enfrentava dificuldades profundas: uma fila que chegou a 2,6 milhões de pessoas, processos represados e falta de capacidade de atendimento. Para especialistas, a crise atual é consequência direta da falta de modernização e de gestão qualificada ao longo de anos.

O impacto político é inevitável. A agenda de segurança pública — reacendida pela escalada de violência e disputas retóricas — já vinha afetando a popularidade do governo. O escândalo envolvendo fraudes previdenciárias amplia essa pressão, sobretudo porque atinge diretamente aposentados e pensionistas, um dos grupos mais sensíveis do eleitorado.

Relatórios do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da União já vinham apontando indícios de irregularidades desde 2019 e reforçaram, em 2024, a existência de omissões na administração do INSS. O governo demorou a afastar o então presidente da autarquia, Alessandro Stefanutto, acusado pela PF de receber pagamentos mensais do esquema. A troca no comando também se estendeu ao Ministério da Previdência, após sucessivas críticas à condução política da pasta.

A falta de reação tempestiva também chama atenção em outras áreas estratégicas. Especialistas do setor elétrico, por exemplo, alertam que o país convive com alta de tarifas, riscos de desequilíbrio financeiro e ausência de planejamento de longo prazo, mesmo com sobra de energia no sistema. Para analistas, o cenário revela um padrão de decisões tardias e reformas interrompidas.

Com investigações em curso, danos sociais acumulados e desgaste político evidente, o governo tenta, agora, recompor sua narrativa. Mas enfrenta o desafio de implementar mudanças estruturais em um sistema que já funciona no limite, ao mesmo tempo em que busca conter danos na opinião pública.

O escândalo do INSS, mais que um caso isolado, expõe fragilidades históricas, atrasos administrativos e o alto custo político de não enfrentar as reformas essenciais no tempo certo.