
A megaoperação policial no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes e se tornou a mais letal da história do país, reposicionou o tema da segurança pública no centro das discussões do governo federal e deixou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma posição inédita de defesa. A ação patrocinada pelo governador Cláudio Castro (PL) mobilizou o discurso da direita, reuniu governadores oposicionistas e provocou uma reconfiguração imediata do debate político nacional.
Segundo o Datafolha, 57% dos moradores do Rio e da região metropolitana consideram a operação um sucesso, contra 39% que desaprovam a ação. Diante da forte repercussão, Lula adotou uma postura cautelosa: evitou críticas diretas à operação, mas determinou medidas emergenciais de combate ao crime organizado e reforçou o discurso de coordenação entre as forças de segurança.
O Planalto avalia que o episódio interrompeu uma sequência de boas notícias econômicas e colocou a pauta da segurança tradicionalmente dominada pela direita no centro das atenções. Em resposta, o governo passou a destacar ações como a criação do Escritório Emergencial contra o Crime Organizado, a PEC da Segurança e a sanção de um projeto que prevê pena para quem ameaçar autoridades públicas, de autoria do ministro Sergio Moro (União-PR) um gesto inusitado para um governo de esquerda.
Aliados de Lula reconhecem que o tema expôs vulnerabilidades e abriu espaço para adversários como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que afirmou: “O criminoso não é vítima, o criminoso faz vítima”. Nos bastidores, o Planalto enxerga a operação como um ponto de inflexão que uniu os governadores de direita e reacendeu o debate eleitoral antecipado.
Ainda assim, o governo aposta na narrativa de que o enfrentamento ao crime deve ocorrer com inteligência, integração e foco no crime financeiro, e não apenas com ações armadas tomando como exemplo a Operação Carbono Oculto, que desarticulou um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao PCC.
Para o Brasil no Centro, o episódio marca um novo momento político: a segurança pública, tema que historicamente desgasta a esquerda, agora se impõe como prioridade de governo e campo de disputa direta entre Lula e seus principais adversários em 2026.