Deputado Euclydes Pettersen é acusado de receber R$ 15 mi em esquema de corrupção no INSS

PF aponta que Euclydes Pettersen forneceu proteção política para manter fraudes e aparece como o nome mais bem remunerado do esquema.

Deputado Euclydes Pettersen é acusado de receber R$ 15 mi em esquema de corrupção no INSS
Douglas Gomes/Liderança Republicanos/Divulgação

A Polícia Federal atribui ao deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) um papel central no maior esquema já identificado de fraudes envolvendo aposentadorias e pensões do INSS. Segundo a investigação, Pettersen teria recebido ao menos R$ 14,7 milhões em propinas para garantir proteção política e facilitar o funcionamento das irregularidades que beneficiavam a Conafer, entidade acusada de realizar descontos ilegais em benefícios previdenciários.

As suspeitas se tornaram públicas após a PF cumprir mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira (13), em operação autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal. O parlamentar, apelidado nas planilhas de pagamentos como “Herói E”, aparece na documentação como o destinatário mais bem remunerado da estrutura de repasses ilícitos.

Segundo os investigadores, o deputado recebia valores por meio de transferências fracionadas — uma estratégia conhecida como “smurfing”, utilizada para driblar mecanismos de controle financeiro. Os depósitos eram feitos em empresas como a Fortuna Loterias, de Governador Valadares, e a Construtora VLH, de Inhapim. A cronologia dos repasses coincide com períodos de liberação de pagamentos do INSS ao convênio firmado com a Conafer.

A PF afirma que Pettersen atuava para blindar a confederação e impedir que investigações avançassem, ao mesmo tempo em que facilitava o acesso de seu presidente, Carlos Roberto Ferreira Lopes, a interlocutores com influência na escolha de dirigentes do INSS. Esse acesso, segundo a investigação, foi decisivo para manter a engrenagem dos desvios funcionando.

O escândalo atinge cifras bilionárias. Entre o início do convênio e a deflagração da operação, a Conafer recebeu R$ 708 milhões do INSS, dos quais 90% teriam sido desviados para empresas de fachada.

Além das suspeitas financeiras, o deputado também é investigado por ter vendido um avião a uma entidade envolvida nas fraudes.

Em nota, Pettersen afirmou estar à disposição das autoridades e disse confiar na Justiça, destacando que já foi alvo de outras operações das quais saiu sem condenações.

O caso amplia a pressão sobre o sistema previdenciário e expõe fragilidades que permitiram que descontos ilegais atingissem aposentados e pensionistas em todo o país.