Eduardo Bolsonaro chama radicalização de Tarcísio de “lágrimas de crocodilo”

Filho do ex-presidente desconfia da guinada do governador de São Paulo e mantém planos de disputar a Presidência em 2026.

Eduardo Bolsonaro chama radicalização de Tarcísio de “lágrimas de crocodilo”
Arquivo pessoal
Eduardo Bolsonaro

O discurso mais radical já feito pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante o ato de 7 de Setembro na Avenida Paulista, recebeu aplausos de apoiadores de Jair Bolsonaro, mas não convenceu o núcleo mais próximo do ex-presidente. Segundo aliados, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) comparou a fala do governador a “lágrimas de crocodilo”.

Nos bastidores, Eduardo avaliou que o tom adotado por Tarcísio ao chamar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de “tirano” e “ditador” foi “tardio” e pouco autêntico. Para ele, a guinada será recebida com desconfiança pela base bolsonarista, que costuma valorizar discursos considerados espontâneos e fiéis às pautas do ex-presidente.

Desafio de sustentar o tom

A leitura de Eduardo é que Tarcísio enfrentará um dilema: se não mantiver a mesma intensidade das críticas daqui em diante, será visto como “fraco” pela militância. Caso sustente, pode abrir espaço entre os eleitores mais radicalizados, mas corre o risco de se distanciar de setores moderados que o viam como alternativa menos confrontacional ao bolsonarismo puro.

Segundo interlocutores, o deputado também destacou que a mudança de comportamento aproxima Tarcísio do estereótipo de “político padrão”, justamente o perfil contra o qual a família Bolsonaro construiu sua imagem.

Disputa pela liderança da direita

Aliados de Eduardo enxergam ainda um componente eleitoral direto: o governador estaria ensaiando sua candidatura presidencial para ocupar o espaço do bolsonarismo em 2026. O próprio Eduardo, no entanto, mantém planos de disputar o Planalto, mesmo que Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar, venha a declarar apoio a Tarcísio.

Entre aliados do deputado, há a leitura de que uma eventual candidatura de Eduardo poderia atrair simpatia do ex-presidente americano Donald Trump, fortalecendo sua posição dentro da direita brasileira.

O cenário, portanto, expõe a tensão latente entre Tarcísio e os filhos de Bolsonaro: enquanto o governador busca se legitimar como herdeiro político, Eduardo sinaliza que não pretende abrir mão do protagonismo.