
Nos últimos três meses, a diplomacia brasileira tem se dedicado a uma operação silenciosa para lidar com o tarifaço imposto pelos Estados Unidos contra o Brasil. Longe dos discursos nacionalistas usados pelo presidente Lula para falar em “soberania”, o Itamaraty trabalhou em sigilo para reduzir tensões com Washington.
Segundo revelou a revista VEJA, foram realizadas mais de quarenta reuniões reservadas com pessoas de acesso direto ao Salão Oval, numa estratégia para aproximar Lula do ex-presidente Donald Trump. A ação incluiu ainda cinco missões secretas de diplomatas a Washington, encarregados de abrir canais de diálogo com assessores próximos ao republicano.
O processo não foi simples. Em Brasília, episódios da política nacional chegaram a interferir na tentativa de aproximação. Um deles foi a decisão do ministro Alexandre de Moraes de impor tornozeleira eletrônica a Jair Bolsonaro, o que, de acordo com diplomatas ouvidos, gerou forte tensão junto a aliados de Trump.
A situação só melhorou quando o Supremo Tribunal Federal concluiu a condenação de Bolsonaro sem reações populares relevantes, o que teria enfraquecido a narrativa de que o Brasil vivia sob ameaça autoritária.
Agora, o esforço do Itamaraty se concentra em viabilizar um telefonema entre Lula e Trump. A ligação, no entanto, depende do turbulento cenário americano, marcado por crises fiscais e conflitos externos.
A revelação mostra o contraste entre a retórica oficial do governo e a prática de bastidores: enquanto Lula fala em independência e soberania, sua diplomacia atua em silêncio para tentar contornar o tarifaço e buscar a boa vontade da Casa Branca.