
Uma declaração do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), durante a inauguração da Mina de Capanema, em Ouro Preto, gerou forte reação em Brumadinho, município marcado pelo rompimento da barragem da Vale em 2019, que deixou 272 mortos e dois desaparecidos.
No evento, Zema afirmou que o “passado deve ficar no passado” e que, atualmente, a empresa “coloca a vida humana acima de tudo”. O governador ainda destacou que a mineradora está pagando “a maior multa e indenização da história da humanidade” e que “o que interessa é o futuro”.
Repercussão negativa em Brumadinho
Entre os moradores da cidade, a fala foi vista como insensível. O taxista Anderson Machado disse que a mineradora apenas cumpre acordos judiciais:
“A Vale só está cumprindo o que foi acordado. Não tem mais nada. O futuro de Brumadinho precisa de mais do que obras, precisa de soluções reais”, afirmou.
Já o coordenador de manutenção João Mendes classificou a fala como falta de empatia:
“Não faz sentido para quem viveu o que vivemos aqui. Faltou vivência, faltou estar em Brumadinho e entender o que os moradores sentem até hoje”, disse.
Entidade de familiares critica governador
A Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pela Barragem de Brumadinho (Avabrum) também divulgou nota criticando Zema. Para a entidade, a fala ignora a “negligência e irresponsabilidade” da Vale no crime socioambiental.
“Enquanto houver famílias enlutadas e justiça por fazer, não há espaço para esquecimento”, destacou a associação.
O episódio reacende o debate sobre a responsabilidade da mineradora e do poder público diante das comunidades atingidas e ocorre em paralelo a críticas de organizações ambientais, que consideram insuficientes os vetos do presidente Lula ao PL do Licenciamento Ambiental.