
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta terça-feira (11) que o “sistema quer calar” seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que completa 100 dias em prisão domiciliar. A declaração foi publicada nas redes sociais junto a uma imagem pedindo a libertação do ex-chefe do Executivo.
Na publicação, Flávio escreveu que “o maior líder político do Brasil está preso e censurado sem acusação ou sentença”, e que a motivação seria o peso político de Bolsonaro. “Eles sabem que ele é o nome mais forte para a eleição de 2026”, disse o senador.
Bolsonaro cumpre prisão domiciliar em sua casa, no Jardim Botânico, em Brasília, desde 4 de agosto, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida foi decretada após o ex-presidente descumprir restrições judiciais, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e o recolhimento noturno.
O episódio que motivou a decisão foi a participação de Bolsonaro, por telefone, em um ato político no Rio de Janeiro, em 3 de agosto. O discurso foi transmitido ao vivo e divulgado nas redes sociais por seus filhos, Carlos e Flávio Bolsonaro, o que levou Moraes a considerar o gesto uma violação das medidas cautelares.
Antes da conversão em prisão domiciliar, o ministro havia determinado que Bolsonaro não deixasse o país, comparecesse periodicamente à Justiça e se abstivesse de realizar declarações públicas que pudessem incitar apoiadores.
A defesa do ex-presidente sustenta que ele não violou nenhuma das condições impostas e acusa o Supremo de agir com parcialidade. Já interlocutores próximos ao tribunal afirmam que as medidas foram adotadas para preservar a ordem pública diante da repercussão das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, caso em que Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão.
Flávio Bolsonaro tem sido a principal voz da família desde o início do cumprimento da pena. Além de intensificar o discurso de perseguição, o senador tem trabalhado nos bastidores para manter a base bolsonarista mobilizada. Em declarações recentes, ele também voltou a dizer que o pai “seguirá sendo a principal liderança da direita brasileira, mesmo calado”.
A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro completa cem dias em meio à expectativa sobre o trânsito em julgado do processo, que definirá se o ex-presidente será transferido para um presídio comum — um cenário que, segundo aliados, seria politicamente explosivo.
Enquanto isso, a retórica de Flávio reforça o tom de enfrentamento ao Supremo e antecipa o clima de radicalização política que deve marcar o caminho até as eleições de 2026.