
Um vídeo publicitário produzido pelo governo do Piauí para divulgar o programa “Meu Celular de Volta” gerou forte repercussão nas redes sociais após mostrar dois jovens negros roubando o celular de um homem branco. A campanha, idealizada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-PI), tinha como objetivo apresentar a iniciativa que ajuda na recuperação de aparelhos roubados e furtados, mas acabou sendo criticada por reforçar estereótipos raciais.
O vídeo, compartilhado inicialmente pelo governador Rafael Fonteles (PT) em suas redes sociais, foi posteriormente apagado após as críticas. Na peça, um homem aparece ouvindo música quando tem o celular furtado por dois rapazes negros. Em seguida, os autores do crime são presos e o aparelho é recuperado pela polícia.
Entre as vozes mais duras contra a propaganda, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) classificou o material como “um desastre” e “totalmente preconceituoso”, afirmando que a peça “associa a violência às pessoas negras e pobres”.
Governo nega conotação racista
Em nota, a Secretaria de Comunicação (Secom) do Piauí afirmou que o vídeo “não tem qualquer conotação racista” e que os atores envolvidos são influenciadores digitais piauienses reconhecidos por produções de humor semelhantes, com mais de 700 mil seguidores nas redes sociais.
A Secom explicou ainda que a campanha foi inspirada no filme “Ai Que Vida”, do cineasta Cícero Filho, que também dirigiu o comercial e contou com parte do elenco original da produção. Segundo o diretor, a esquete já existia nos perfis dos influenciadores e foi adaptada para a campanha, mantendo liberdade criativa total. “Eu só faço campanhas com liberdade criativa, inclusive na criação. Assim foi feito”, afirmou Cícero em vídeo publicado nas redes.
Programa já recuperou 13 mil celulares
Apesar da polêmica, o governo destacou que o programa “Meu Celular de Volta” tem apresentado resultados positivos. De acordo com a SSP-PI, os roubos de celulares caíram 51% nos últimos três anos — de 10.532 casos em 2022 para 5.285 em 2025.
O sistema cruza os dados dos boletins de ocorrência com informações das operadoras de telefonia, permitindo à polícia rastrear e recuperar os aparelhos. Segundo o governo estadual, mais de 13 mil celulares já foram devolvidos aos donos desde o início da iniciativa.