Governo Federal negligência desastres naturais e não usa recursos previstos na área

Análise revela que mais de um terço do orçamento destinado ao Centro de Alertas não foi executado desde 2023, mesmo com aumento de eventos extremos no país

Governo Federal negligência desastres naturais e não usa recursos previstos na área

O anúncio de que o governo federal pretende expandir o Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) para quase dois mil municípios ocorreu apenas três dias após o tornado que devastou Rio Bonito do Iguaçu (PR) e deixou sete mortos. A iniciativa, divulgada durante a COP30, busca ampliar a capacidade de prevenção e resposta diante do avanço dos eventos climáticos extremos no Brasil — mas os números revelam que a promessa chega acompanhada de um histórico de execução orçamentária aquém do necessário.

Levantamento realizado pelo Farol da Oposição, plataforma do Instituto Teotônio Vilela, analisou os recursos destinados ao Cemaden entre 2023 e 2025 e encontrou um dado preocupante: dos R$ 60,6 milhões autorizados no período, apenas R$ 39,5 milhões foram efetivamente pagos. Isso significa que mais de um terço da verba destinada à prevenção de desastres naturais permanece sem uso.

O cenário deste ano ilustra a fragilidade da política de prevenção. De um orçamento total de R$ 18,3 milhões, apenas R$ 9,8 milhões foram executados, segundo dados do Siga Brasil. Para o Farol da Oposição, a baixa execução demonstra que o governo “deixou de utilizar praticamente metade dos recursos destinados a monitorar desastres” e agora se movimenta às pressas para responder à pressão causada pelas últimas tragédias.

A discussão acontece em um momento em que o impacto das mudanças climáticas se intensifica, resultando em tempestades mais violentas, alagamentos recorrentes e estiagens prolongadas. Especialistas alertam que ampliar a cobertura do Cemaden é necessário — mas insuficiente — se não houver compromisso permanente com a execução orçamentária, modernização tecnológica e integração com estados e municípios.

Enquanto o país lida com eventos extremos cada vez mais frequentes, a prevenção continua a depender de decisões políticas e de um planejamento sólido. O desafio do governo agora é mostrar que a expansão anunciada não será apenas uma reação tardia, mas o início de uma política consistente de proteção à população.