
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou o orçamento da comunicação institucional da Presidência em mais de R$ 116 milhões, elevando o total para R$ 876 milhões em 2025 o maior volume de recursos desde 2017. A medida, que ocorre a menos de um ano das eleições municipais, contrasta com cortes em pastas estratégicas e reacende o debate sobre o uso político da verba publicitária do governo.
Enquanto a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) expandiu seus recursos para campanhas e publicidade, órgãos como a Polícia Federal e o Ministério da Educação enfrentam dificuldades para manter serviços básicos. A PF busca R$ 97,5 milhões para emissão de passaportes, e a Educação ainda não garantiu a compra de materiais didáticos para o próximo ano.
Segundo os dados do Orçamento, apenas a conta de publicidade oficial da Secom soma R$ 562 milhões anuais, distribuídos entre quatro agências. As principais campanhas de 2025 incluem “Brasil Soberano”, com R$ 85 milhões, e “Gás do Povo”, com R$ 30 milhões. O governo também prepara uma nova licitação de R$ 100 milhões para produção de conteúdo digital, prevendo cerca de 3 mil vídeos e podcasts voltados às redes sociais.
Desde que Sidônio Palmeira assumiu a Secom, a estratégia do governo mudou: mais verba para a comunicação digital, contratação de influenciadores e criação de vídeos com linguagem popular — como o protagonizado por João Kléber, em uma paródia entre os governos Lula e Donald Trump.
Nos bastidores, a ampliação do orçamento é vista como um movimento político em meio à confirmação de que Lula buscará um quarto mandato em 2026. A Secom, por outro lado, justifica o aumento como necessário para “ampliar o alcance das campanhas” e garantir o acesso da população a informações sobre programas sociais e políticas públicas.
A expansão da verba veio acompanhada de cortes em outras áreas: o INSS perdeu R$ 190 milhões e alertou para risco no pagamento de benefícios. Ainda assim, o Planalto defende que a comunicação é essencial para divulgar ações do governo e “aprofundar o diálogo com a sociedade”.