
O novo relatório de riscos fiscais divulgado pelo Tesouro Nacional reacendeu um alerta que o Instituto Teotônio Vilela (ITV), presidido pelo deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), vem repetindo há meses: a situação das estatais federais deteriorou de forma acelerada desde o retorno do PT ao poder. Para o parlamentar, o rombo crescente nas empresas públicas é mais um capítulo de um padrão histórico de má gestão e aparelhamento político.
Segundo o Tesouro, ao menos nove estatais já enfrentam “dificuldades de caixa” expressão técnica que, na prática, indica risco real de precisar de socorro financeiro do contribuinte. A lista inclui empresas estratégicas como Correios, Casa da Moeda, Infraero, ENBPar e cinco companhias docas. Os números apontam para um déficit de R$ 6,2 bilhões neste ano, com projeções igualmente negativas até 2029.
Aécio destaca que, até o fim do governo Bolsonaro, nenhuma estatal apresentava prejuízo. “Agora, em menos de três anos, nove empresas estão no vermelho e outras podem entrar em colapso. O Tesouro já admite rombos que praticamente dobram os valores projetados antes da volta do PT”, critica. O ITV chama atenção para outro dado simbólico: até agosto, os déficits acumulados atingiram R$ 8,3 bilhões, o pior resultado da série histórica.
Para o instituto tucano, não se trata de coincidência. O levantamento aponta que todos os anos em que as estatais registraram prejuízos desde 2012 coincidem com governos do PT seja com Lula, seja com Dilma Rousseff. Aécio lembra ainda que o partido sempre resistiu a normas de proteção à governança das empresas públicas, como a Lei das Estatais, aprovada em 2015 com protagonismo do PSDB.
“O PT sempre tratou as estatais como propriedade partidária. O resultado está aí: rombos sucessivos, uso político das empresas e risco crescente para as contas públicas”, afirma o presidente do ITV. Para ele, a nova onda de prejuízos é consequência direta do enfraquecimento de mecanismos de compliance e da interferência do governo nas decisões das companhias.
O relatório do Tesouro confirma essa preocupação ao prever déficits crescentes até 2027 e ausência de resultados positivos no horizonte próximo. Na avaliação do ITV, o impacto pode recair novamente sobre a população seja por meio de aumento da dívida pública, seja por novos aportes bilionários para salvar empresas sucateadas pela má gestão.
Aécio resume a crítica com uma frase contundente:
“As empresas estatais são a melhor tradução de como o PT trata o interesse público: como patrimônio do partido. E, no fim, é o povo quem paga a conta.”
Enquanto a equipe econômica tenta conter os danos e o Tribunal de Contas da União anuncia fiscalização especial sobre a situação das estatais, o ITV promete seguir monitorando o desempenho das empresas públicas e pressionando por transparência. Para o instituto, o debate sobre governança estatal não é ideológico é fiscal, estrutural e urgente.