
Senador discursou em vigília diante do condomínio do ex-presidente em Brasília e afirmou que projeto “sem Bolsonaro” não será aceito pela oposição.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) afirmou nesta quinta-feira (4) que a oposição ao governo só aceitará um projeto de anistia se ele for “geral e irrestrito”, ou seja, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A declaração foi feita durante discurso em uma vigília realizada na frente do condomínio onde Bolsonaro cumpre prisão domiciliar, em Brasília, por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Segundo Izalci, já haveria votos suficientes para aprovar o projeto na Câmara dos Deputados com abrangência total. “Na Câmara Federal, eu não tenho nenhuma dúvida de que hoje nós temos os votos para votar a anistia geral e irrestrita, ou seja, para todos, inclusive o presidente Jair Bolsonaro. O que apareceu essa semana foi o presidente do Senado, Davi, apoiado pelo PSD, e o presidente da CCJ dizendo que vão apresentar um outro projeto de anistia, tirando o presidente e a cúpula. Nós não vamos aceitar”, disse.
Confronto político
A fala do senador é uma resposta direta às articulações no Senado. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), e lideranças do PSD têm discutido um texto alternativo que concederia perdão apenas a manifestantes e figuras secundárias, excluindo Bolsonaro e seus principais aliados.
Izalci contestou a possibilidade de um projeto que não beneficie o ex-presidente e sinalizou que a oposição pretende pressionar pela votação ainda na Câmara. “Tenho certeza de que, se aprovada na Câmara geral e irrestrita, lá no Senado nós vamos convencer cada senador, porque golpe é se Jair Bolsonaro não participar da eleição. Não existe eleição sem a candidatura de Jair Messias Bolsonaro”, afirmou.
Cenário em disputa
O debate sobre anistia ganhou força às vésperas do julgamento de Bolsonaro no STF, que pode condená-lo a mais de 40 anos de prisão por crimes contra a democracia. Enquanto setores da oposição pressionam por uma anistia ampla, ministros do Supremo já indicaram que qualquer proposta de perdão que inclua o ex-presidente será considerada inconstitucional.
A disputa entre Congresso e STF promete intensificar a crise política em torno do futuro de Bolsonaro, com impacto direto no cenário eleitoral de 2026.