
O Brasil nunca esteve tão dividido. A polarização política atingiu níveis que paralisam a agenda nacional e empurram para segundo plano questões cruciais para a população. Nesse cenário, o PL da Dosimetria, em debate no Congresso, surge como uma alternativa realista de pacificação, ao mesmo tempo em que respeita as decisões do Supremo Tribunal Federal e garante justiça.
Ao contrário da anistia defendida por setores da direita, já considerada inconstitucional pelo STF, o projeto não apaga crimes, mas recalibra penas de forma proporcional. Corrige excessos, especialmente no caso de pessoas que participaram das manifestações de 8 de janeiro sem exercer papel de liderança ou financiamento, preservando a condenação, mas garantindo punições mais equilibradas.
O relator do projeto, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), conta com a articulação de figuras políticas de grande peso, como Michel Temer e Aécio Neves. Ambos, pela experiência e trajetória democrática, representam a tradição de moderação e diálogo que o Brasil tanto precisa neste momento. São nomes capazes de exercer influência construtiva em favor da estabilidade institucional.
A dosimetria não pretende agradar a todos, mas construir uma saída justa dentro das circunstâncias. Se o país cedesse à anistia ampla, abriria um precedente perigoso de impunidade. Se mantivesse penas severas sem critérios claros, alimentaria a narrativa de parcialidade do Judiciário. Nenhuma dessas opções permitiria que o Brasil avançasse.
O PL oferece um caminho de equilíbrio: reconhece a gravidade dos atos, mas permite que quem foi usado como massa de manobra tenha chance de reconstruir sua vida. Em vez de prolongar a radicalização, aponta para a reconciliação nacional. É um gesto de maturidade democrática que pode devolver serenidade à vida institucional e abrir espaço para que a política volte a tratar do que importa, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e políticas sérias de segurança pública, fundamentais para evitar que o país se torne refém do crime organizado.
Este é o momento de pensar no coletivo e priorizar o futuro. A aprovação do PL da Dosimetria pode encerrar um ciclo de radicalizações estéreis e recolocar o Brasil no caminho do diálogo, da justiça e da estabilidade.
Jorge Lopes Cançado é consultor e especialista em Estratégia e Marketing Político.