Lula vai à Colômbia antes da COP30 e tenta recolocar Venezuela no centro do debate

Presidente troca agenda ambiental por encontro da Celac com a União Europeia e quer discutir presença militar americana na região

Lula vai à Colômbia antes da COP30 e tenta recolocar Venezuela no centro do debate

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu alterar sua agenda oficial e viajará à Colômbia no próximo fim de semana para participar da reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia, marcada para os dias 9 e 10 de novembro, na cidade de Santa Marta. A informação foi confirmada pelo chanceler Mauro Vieira.

Inicialmente, Lula permaneceria em Belém (PA), onde está desde o início do mês, e seguiria para Fernando de Noronha (PE), onde lançaria um projeto de energia solar antes de retornar à capital paraense para a abertura oficial da COP30, na segunda-feira (10). A nova decisão cancela a passagem por Noronha e insere uma etapa estratégica na agenda diplomática do presidente.

A ida à Colômbia tem como pano de fundo um objetivo político claro: reabrir o diálogo regional sobre a crise na Venezuela e a presença de navios militares americanos próximos à costa latino-americana. Segundo Lula, o encontro da Celac não pode se limitar a pautas econômicas e ambientais.

“Só faz sentido discutir integração regional se também falarmos sobre o que ameaça a paz na América Latina. Não precisamos de guerra aqui”, afirmou o presidente em entrevista a jornalistas estrangeiros.

A Colômbia ocupa, atualmente, a presidência rotativa da Celac e pretende conduzir a reunião em parceria com a União Europeia, priorizando temas como transição energética, cooperação comercial e mudanças climáticas. Lula, no entanto, quer ampliar o escopo político do debate e sinalizar a liderança brasileira no cenário latino-americano — um papel que ele tenta retomar desde o início de seu terceiro mandato.

Fontes do Itamaraty apontam que o presidente brasileiro busca usar o encontro para reforçar a defesa da soberania regional e se contrapor à influência dos Estados Unidos sobre governos e instituições do continente. A menção à Venezuela, governada por Nicolás Maduro, é vista por diplomatas como uma tentativa de reposicionar o Brasil como mediador em um tema que divide a região.

Logo após o encontro em Santa Marta, Lula deve retornar a Belém para participar da Cúpula de Chefes de Estado da COP30, entre os dias 6 e 7 de novembro, e da abertura oficial do evento climático, na segunda-feira.

Com a movimentação, o Planalto sinaliza que pretende unir diplomacia ambiental e protagonismo político — buscando recolocar o Brasil no centro das decisões regionais e globais.