As grandes manifestações realizadas neste domingo (21/9) em diversas cidades brasileiras contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de Janeiro surpreenderam aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em conversas reservadas, integrantes do PL e apoiadores próximos ao ex-mandatário admitiram que não esperavam público tão expressivo, especialmente em São Paulo, na Avenida Paulista, palco de uma das principais mobilizações.
Segundo o Monitor do Debate Político da USP, o ato na Paulista reuniu 42.379 pessoas, ocupando ao menos três quarteirões da via. O número é comparável ao público registrado durante manifestações bolsonaristas anteriores, como a realizada no 7 de setembro, mas agora contrário às pautas defendidas pelo ex-presidente e seus aliados. Para líderes do PL, o cenário evidencia que a oposição de esquerda possui capacidade de mobilização significativa, contrariando a narrativa de que somente a direita consegue lotar as ruas.
Aliados de Bolsonaro afirmam que a aprovação da PEC da Blindagem e da anistia na Câmara, no dia seguinte aos atos, pode enfrentar dificuldades para avançar, uma vez que a pressão popular e a visibilidade dos protestos passam a influenciar o debate político e a percepção da população sobre as pautas. Para esses parlamentares, a combinação das duas votações acabou expondo a fragilidade da estratégia de blindagem e anistia diante da opinião pública.
Por outro lado, o governo Lula celebrou os atos como demonstração da força democrática do país. O Advogado-Geral da União, Jorge Messias, destacou nas redes sociais que as manifestações evidenciam o engajamento da população em defesa da integridade do Estado Constitucional e da democracia brasileira, reforçando a importância da participação cívica para o fortalecimento das instituições.
Os acontecimentos deste domingo reforçam o impacto das mobilizações populares sobre as decisões legislativas e o equilíbrio entre o Executivo, o Legislativo e a sociedade civil, especialmente em pautas sensíveis que envolvem prerrogativas parlamentares e regras eleitorais.