Michelle cobra espaço feminino e enfrenta Carlos Bolsonaro na disputa por Santa Catarina

Ex-primeira-dama defende candidatura da deputada Caroline de Toni, enquanto filho do ex-presidente é apontado como nome do PL ao Senado

Michelle cobra espaço feminino e enfrenta Carlos Bolsonaro na disputa por Santa Catarina
Reprodução
Michelle e Carlos Bolsonaro

A definição das candidaturas ao Senado por Santa Catarina em 2026 reacendeu uma disputa dentro do próprio clã Bolsonaro. A escolha do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) como provável nome do partido no estado contrariou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que tem defendido maior presença feminina nas disputas majoritárias e manifesta apoio à deputada Caroline de Toni (PL-SC) como alternativa. As informações são do jornal O Globo.

O nome de Carlos é visto por aliados de Jair Bolsonaro como um caminho “seguro” para consolidar sua atuação política em Brasília e ampliar a influência do ex-presidente no Senado. Já Caroline de Toni, próxima de Michelle e uma das principais vozes do PL na Câmara, era considerada até recentemente a favorita para a vaga. A deputada presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e ganhou destaque nacional dentro da base bolsonarista.

Mesmo com duas vagas em disputa, uma delas tende a ser ocupada pelo senador Esperidião Amin (PP), aliado histórico de Bolsonaro e bem avaliado no estado. Amin tem o apoio do governador Jorginho Mello (PL) e é apontado como nome estratégico para ampliar o alcance eleitoral da direita catarinense.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, reconheceu as dificuldades em conciliar os interesses do grupo. “A Carol é querida pela Michelle e por todos nós, mas o Esperidião também quer a vaga, e o Bolsonaro já bateu o martelo que o Carlos vem por Santa Catarina. Até daria para termos ela e Carlos concorrendo simultaneamente, mas o Esperidião nunca faltou para nós, ele é da direita. Estamos vendo o que fazer, talvez o Jorginho Mello a coloque como vice”, afirmou.

A pressão de Michelle Bolsonaro reflete o desconforto com a baixa presença feminina nas disputas majoritárias do PL. À frente do PL Mulher, ela vem cobrando mais espaço para lideranças femininas e deve ser candidata ao Senado pelo Distrito Federal em 2026. Pessoas próximas afirmam que a ex-primeira-dama tem se queixado de ter pouca influência sobre as decisões do partido fora da Câmara dos Deputados, onde seu grupo atua com mais força.

Apesar da divergência, a relação entre Michelle e Carlos tem mostrado sinais de distensão após anos de tensão familiar. Durante uma live recente com o senador Magno Malta (PL-ES), o vereador do Rio chamou a ex-primeira-dama de “guerreira” ao comentar o estado de saúde do pai. Meses antes, Michelle havia dito publicamente que não mantinha contato com o enteado e que não pretendia retomar a relação, embora ambos tenham se cumprimentado em um evento posterior.

A disputa interna expõe o peso político do bolsonarismo em Santa Catarina, um dos principais redutos eleitorais do ex-presidente. No segundo turno de 2022, Bolsonaro obteve 69,27% dos votos válidos no estado, o quarto melhor desempenho proporcional do país. O resultado reforça a crença de aliados de que é possível eleger dois senadores da base bolsonarista em 2026 — ainda que, para isso, seja preciso administrar uma delicada guerra familiar dentro do próprio PL.