Moisés Barboza: “A infidelidade política e o desprezo pela ética partidária”

O artigo do vereador Moisés Barboza é uma crítica contundente à prática da infidelidade partidária e ao uso oportunista dos mandatos eletivos. Ele denuncia parlamentares e dirigentes que, antes mesmo do período legal de troca de partidos, passam a atuar em nome de outras siglas, traindo os eleitores e os recursos públicos que financiaram suas campanhas.

Moisés Barboza: “A infidelidade política e o desprezo pela ética partidária”

Não há democracia forte quando a deslealdade se torna regra e a conveniência pessoal substitui o compromisso com o povo. É inaceitável que parlamentares e principalmente dirigentes, antes mesmo da janela legal, passem a agir, discursar e se promover em nome de outro partido, enquanto ainda ocupam cargos e posições conquistados por uma legenda à qual juraram fidelidade perante a Lei Eleitoral. Além de ignorarem os recursos milionários utilizados do fundo eleitoral de suas atuais siglas, usados para si e para seus grupos políticos nas ultimas eleições.

Essa postura é mais que uma tripla infração ética — é um ato de desrespeito com os eleitores, com o partido que os trouxeram até aqui e com a própria ideia de representação. Quem se vale do mandato para “antecipar migrações e alimentar projetos pessoais de poder” demonstra que enxerga a política não como serviço público, mas como plataforma de autopromoção e puro pragmatismo eleitoral.

Essas práticas enfraquecem as instituições e contaminam a confiança da sociedade na classe política. São o retrato do oportunismo travestido de estratégia. E quando o exemplo vem de dirigentes, o dano é ainda maior: transmite à base e à população a mensagem de que vale tudo — inclusive trair a própria palavra e o posicionamento. Exemplo de quando se fazem discursos de oposição ao Governo Federal como mantra pra se elegerem e após eleição migram para partidos base desse mesmo governo, como se isso não tivesse “nada a ver” e o fortalecimento dessas siglas não viesse de quem se defenestra.

A filiação partidária não é mera formalidade burocrática; é o elo que confere identidade e significado ao voto popular. O mandato não pertence ao indivíduo, mas ao projeto coletivo que o elegeu. Ao antecipar movimentos políticos e agir como representantes de outro grupo sem a devida desvinculação, tais agentes desrespeitam o valor da ética e da confiança depositada por seus eleitores e o próprio sentido de compromisso público.

A política precisa reencontrar o valor da lealdade e do posicionamento político, sem pragmatismos eleitorais que priorizam na maioria das vezes estruturas financeiras como projetos de poder, ignorando a coerência. Respeitar as regras partidárias é respeitar a democracia. Quem não tem compromisso com o coletivo, não deveria ter legitimidade para falar em nome de qualquer coletividade, apenas em nome de si mesmo.

Essas práticas, repetidas e normalizadas, produzem um efeito corrosivo sobre a democracia. Minam a credibilidade das instituições, reforçam a ideia de que a política é um território de conveniências pessoais e de pequenos grupos, enfraquecendo a crença da população na boa-fé dos que dizem representá-la.

A ética na política não é uma virtude opcional: é uma obrigação permanente.