PCC amplia influência e movimenta mais de R$ 100 bilhões ao ano, aponta MP

Facção opera como uma “multinacional do crime”, dominando tráfico de drogas, setor de combustíveis e se infiltrando em serviços públicos e setores estratégicos.

PCC amplia influência e movimenta mais de R$ 100 bilhões ao ano, aponta MP

Investigações conduzidas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal revelam que o Primeiro Comando da Capital (PCC) movimenta mais de R$ 100 bilhões por ano em apenas dois setores: tráfico de drogas e combustíveis. O valor, considerado alarmante pelas autoridades, mostra o grau de expansão e profissionalização da facção, que deixou de ser um grupo criminoso regional e se consolidou como uma estrutura empresarial altamente sofisticada, operando dentro e fora do país.

As apurações confirmam a atuação internacional do PCC, que já possui integrantes identificados em pelo menos 28 países e mantém parcerias comerciais ilícitas com outras organizações estrangeiras. Essa rede global fortalece sua capacidade logística e amplia rotas de tráfico, especialmente no envio de cocaína para a África e a Europa. Somente essa atividade gera aproximadamente R$ 20 bilhões ao ano, representando uma das principais fontes de receita da facção.

O setor de combustíveis, no entanto, concentra o grosso do faturamento. Segundo a Operação Carbono Oculto, o PCC movimenta cerca de R$ 80 bilhões por ano nesse ramo, operando por meio de empresas de fachada, redes de distribuição adulterada e mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro. Parte desses recursos é escoada através de fundos de investimento, fintechs e bancos digitais, usados para disfarçar e reintegrar o capital criminoso na economia formal.

Além dessas duas frentes bilionárias, a investigação aponta que o PCC tem expandido sua infiltração em setores estratégicos. A facção administra negócios próprios ou interpostos em áreas como logística de cargas, transporte coletivo, fundos de investimento, contratos de saúde e coleta de lixo, buscando ocupar espaços sensíveis da economia e dos serviços públicos. Especialistas afirmam que essa diversificação aumenta seu poder econômico e institucional, dificultando a atuação do Estado.

As autoridades alertam que os R$ 100 bilhões identificados podem estar subestimados, já que o cálculo não inclui receitas provenientes de outras atividades criminosas, como os ataques a bancos e carros-fortes no estilo “Novo Cangaço”, que ainda ocorrem em diversas regiões do país. Esse panorama reforça a percepção de que a disputa contra o PCC não se limita ao campo policial, mas envolve questões econômicas, políticas e de segurança nacional.

Com uma operação cada vez mais sofisticada, presença internacional e capacidade de infiltração em setores essenciais, o PCC se consolida como uma das maiores organizações criminosas das Américas, exigindo respostas coordenadas, firmes e de longo prazo do poder público.