PT quer redirecionar verba militar para financiar combate ao crime

Proposta de José Guimarães e Lindbergh Farias busca usar até 10% dos recursos das Forças Armadas em ações de segurança pública e controle de fronteiras

PT quer redirecionar verba militar para financiar combate ao crime

O debate sobre segurança pública chegou ao coração do orçamento militar. Os líderes do governo e do PT na Câmara, José Guimarães (PT-CE) e Lindbergh Farias (PT-RJ), anunciaram que vão apresentar uma emenda para destinar parte dos R$ 30 bilhões previstos para as Forças Armadas ao enfrentamento do crime organizado. A proposta prevê que até 10% dos R$ 5 bilhões liberados recentemente pelo Senado para a Defesa sejam redirecionados para políticas de segurança pública, vigilância de fronteiras e ações integradas entre estados e União.

Na justificativa, os parlamentares afirmam que o Brasil vive um “momento decisivo” no combate ao avanço das facções criminosas e que o país precisa fortalecer suas estruturas de monitoramento e inteligência. “É uma medida crucial para qualificar a atuação do governo federal e garantir recursos para diversas ações de prevenção e repressão”, argumentam os autores.

A ideia surge em meio à pressão crescente sobre o governo Lula após a megaoperação no Rio de Janeiro, que deixou mais de 120 mortos e reacendeu o debate sobre o papel da União no combate ao crime. O Planalto tenta mostrar protagonismo em uma área sensível e historicamente explorada pela oposição , defendendo uma abordagem mais coordenada e tecnológica.

A emenda também reforça o discurso de que o governo precisa “otimizar” os gastos públicos e investir em áreas de maior impacto direto na vida da população. “Não se trata de retirar recursos da Defesa, mas de realocar parte dos investimentos para uma prioridade nacional: o enfrentamento do crime organizado”, justificam os petistas.

Nos bastidores, porém, a proposta divide opiniões. Integrantes da base aliada avaliam que o redirecionamento de recursos das Forças Armadas pode gerar atritos com o setor militar, que tem resistido a cortes ou transferências orçamentárias. Já entre parlamentares do centro e da oposição, a medida é vista como tentativa do PT de assumir o controle narrativo sobre o tema da segurança pública, tradicionalmente dominado por partidos de direita.

O texto da emenda deve ser apresentado ainda nesta semana e promete acirrar o debate no Congresso sobre como e onde investir os bilhões que sustentam a máquina pública e quais são, afinal, as prioridades do Estado brasileiro.