
O Brasil tem 5.570 cidades e, em mais de 13,9% das Câmaras Municipais, ainda não há sequer uma mulher eleita. E mesmo representando mais da metade da população e do eleitorado, as mulheres ocupam hoje apenas 18% das cadeiras na Câmara dos Deputados e 15% no Senado Federal.
O cenário político feminino atual simplesmente não condiz com a realidade do Brasil. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), quase metade das mulheres brasileiras (43%) assume a principal fonte de renda da casa, e elas representam 44% dos trabalhadores formais do país – mesmo recebendo, em média, 20% menos que os homens. Além disso, as mulheres são maioria entre aqueles com ensino superior completo: 23,5% contra 20,7% dos homens. Ou seja: estamos em posição de liderança em diversos aspectos da sociedade, mas seguimos com pouca voz e representatividade política.
E é preciso deixar claro: mulher na política não é sinônimo de cota a ser preenchida, mas sim, de representatividade e diversidade. A ausência feminina nos espaços de decisão desequilibra os debates não apenas em pautas diretamente ligadas às mulheres – como combate à violência doméstica, igualdade salarial e direitos na maternidade – mas também em todas as áreas que impactam a vida da população, como saúde, segurança, educação e políticas sociais.
O desafio é grande, porque ainda enfrentamos as marcas da exclusão histórica das mulheres na política. E como mudar o que é histórico? Na minha visão, o primeiro passo é reconhecer a mulher como uma força política, independente de partido. O segundo, é ampliar não só a presença feminina, mas também a pluralidade de vozes, contemplando mulheres de diferentes raças, idades e classes sociais. Isso é democracia de verdade.
Nas próximas eleições, a transformação começa pelo voto consciente. É hora de conhecer as candidatas, ouvir suas histórias, compreender suas motivações e dialogar sobre o futuro que desejamos para nossas cidades, estados e para o Brasil. Só assim, poderemos fortalecer a nossa representatividade, equilibrar os debates e defender as causas que nos movem como sociedade.
