
Em meio ao debate sobre o futuro das eleições brasileiras, o deputado federal Domingos Neto (PSD-CE) tenta resgatar uma ideia antiga com nova roupagem: o voto distrital misto. Relator da proposta que pode substituir o atual sistema proporcional, o parlamentar diz ter o apoio de PT e PL os dois maiores partidos da Câmara para levar o projeto a votação. A expectativa é que o novo modelo traga mais proximidade entre eleitores e seus representantes, além de coibir o avanço de facções criminosas no processo eleitoral.
Na prática, o sistema dividiria os estados em distritos, elegendo metade dos deputados de forma direta (majoritária) e a outra metade por listas partidárias. A mudança, afirma Domingos Neto, reduziria a influência de “puxadores de voto” e o poder do marketing digital sobre as urnas. “Quem vai ter vantagem é quem tem base política. Vai valer mais do que dinheiro, YouTube ou TikTok. O voto distrital valoriza o corpo a corpo e barateia as eleições”, disse em entrevista.
O relator sustenta que o modelo também traria mais transparência, permitindo que o eleitor soubesse quem é o seu representante direto algo raro no atual sistema. Ele argumenta que, ao concentrar o debate em distritos menores, o modelo aumenta a fiscalização da imprensa, do Ministério Público e dos próprios adversários, dificultando a atuação de candidatos ligados a facções. “Hoje, é possível eleger um deputado com votos pulverizados em dezenas de municípios. No distrital, o foco é local e o eleitor cobra mais”, afirmou.
A proposta, inspirada em modelos utilizados na Alemanha e no Japão, ainda enfrenta resistência de parlamentares que temem a perda de espaço nas listas partidárias. Para ser válida nas eleições de 2026, a mudança precisaria ser aprovada e regulamentada até abril do próximo ano.
Domingos Neto aposta que o novo sistema pode redefinir a lógica das campanhas e devolver protagonismo à política tradicional. “O voto distrital premia quem tem raízes, quem conhece o território e quem presta contas. É uma forma de devolver poder ao eleitor e reduzir a influência do dinheiro e das redes sociais no processo democrático”, resume o relator.