Romeu Zema compara polarização a ‘guerra santa’ entre cristãos e islâmicos

Em evento com empresários, governador mineiro afirmou que embate entre esquerda e direita é 'semelhante' a conflitos religiosos extremistas, gerando críticas por sua analogia.

Romeu Zema compara polarização a ‘guerra santa’ entre cristãos e islâmicos
Reprodução
Zema

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), gerou controvérsia nesta sexta-feira (19/09) ao fazer uma comparação direta entre a polarização política brasileira e conflitos religiosos históricos. Durante um seminário organizado pela Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), o governador afirmou que o embate ideológico no país se assemelha a uma disputa entre “cristãos e islâmicos”.

A declaração ocorreu enquanto Zema respondia a uma pergunta sobre os reflexos do cenário de instabilidade democrática para o empresariado. Em sua análise, o governador argumentou que a polarização prejudica a economia. “O extremismo de esquerda e direita seria algo semelhante ao extremismo de cristãos com extremistas islâmicos”, disse Zema. “Ninguém é dono da verdade, e isso cria um combate desnecessário, arestas e ressentimentos”, completou.

A comparação, no entanto, foi recebida com críticas por especialistas e nas redes sociais. Analistas apontam que a analogia é problemática ao equiparar o debate democrático, ainda que acalorado, a conflitos religiosos historicamente marcados pela violência sectária e pela intolerância. A crítica central é que a fala do governador pode minimizar a complexidade e as vítimas reais de embates religiosos ao redor do mundo.

Não é a primeira vez que declarações de Romeu Zema causam repercussão negativa. Em agosto de 2023, durante a defesa da formação do Consórcio Sul-Sudeste (Cossud), o governador gerou polêmica ao se referir a outras regiões do país. Na ocasião, ele criticou o protagonismo do Norte e Nordeste em articulações políticas no Congresso, o que foi amplamente interpretado como uma fala de cunho divisionista.

A fala desta sexta-feira, portanto, se insere no que vem sendo percebido como um estilo de comunicação direto do governador, que por vezes recorre a simplificações para abordar temas complexos. Ao tentar criticar a polarização, Zema acaba por proferir uma declaração que, segundo críticos, alimenta um cenário de atritos ao utilizar uma analogia considerada desproporcional e inadequada para o debate político.