Tarcísio abandona tom moderado e se alinha ao bolsonarismo radical no 7 de Setembro

Governador de São Paulo assume discurso contra o STF, defende anistia a Bolsonaro e antecipa clima de campanha polarizada para 2026.

Tarcísio abandona tom moderado e se alinha ao bolsonarismo radical no 7 de Setembro
Allison Sales/Folhapress
Tarcisio e Silas Malafaia

A pouco mais de um ano da eleição presidencial de 2026, o 7 de Setembro marcou a guinada política do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Até então visto como herdeiro potencial de Jair Bolsonaro que buscava equilíbrio entre moderação e acenos à direita, o ex-ministro assumiu de vez o tom radical do bolsonarismo em sua participação na manifestação da Avenida Paulista.

No palanque organizado pelo pastor Silas Malafaia, Tarcísio defendeu a anistia ao ex-presidente e partiu para o ataque direto ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Chamou o processo contra Bolsonaro de “viciado e maculado” e acusou o magistrado de agir como “ditador”. “O Brasil não é um Estado livre se aceitarmos isso”, disse o governador.

Da moderação à radicalização

O movimento representa uma mudança significativa de postura. Na mesma semana, Tarcísio havia dividido espaço com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) em evento empresarial, mantendo discurso institucional. Dois dias depois, no entanto, rasgou o figurino de candidato moderado e assumiu a defesa irrestrita de Bolsonaro diante de uma multidão que agitava bandeiras americanas e entoava palavras de ordem contra o Supremo.

A cena reforçou a aproximação do governador com a base bolsonarista mais fiel, mas levantou preocupações entre aliados que preferiam vê-lo consolidado como uma alternativa de centro-direita capaz de dialogar com setores mais amplos da sociedade. Pesquisas recentes apontam que o eleitorado moderado continua decisivo e se mostra resistente a excessos de ambos os lados.

Risco político

Para analistas, a escolha de Tarcísio fortalece, no curto prazo, sua relação com o núcleo duro do bolsonarismo e com partidos do Centrão que orbitam esse campo. Mas pode custar caro ao afastar o eleitorado conservador moderado que já alternou apoio entre Bolsonaro (2018) e Lula (2022).

O cenário, por ora, favorece Lula, que ganha facilidade em acionar o discurso do risco democrático diante de um adversário alinhado ao radicalismo. A vantagem de Tarcísio é a margem de manobra: se a disputa presidencial se mostrar inviável, poderá recuar e buscar a reeleição em São Paulo, onde sua popularidade ainda é alta.

O 7 de Setembro, no entanto, deixou uma marca clara: a campanha de 2026 caminha para a formação de polos extremos, e Tarcísio escolheu o lado do bolsonarismo sem disfarces.